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  • Foto do escritorRodolfo Brenner

#74 - Onde está Cindy Song? | DESAPARECIDOS

Uma estudante universitária desaparece após uma festa de Halloween, em uma das investigações mais frustrantes da história da Pensilvânia. Anos depois, uma nova pista pode mudar todo o rumo da investigação.


Essa é a versão escrita do episódio 74 - Onde está Cindy Song?



Hyun Jong Song nasceu no dia 25/02/1980 em Seul, capital da Coreia do Sul. Em 1995, quando ela tinha 15 anos, ela decidiu terminar o ensino médio nos Estados Unidos e foi morar com um tio e uma tia na cidade de Springfield, na Virgínia. Já na América, ela adotou outro nome, Cindy Song. Essa prática é comum entre imigrantes asiáticos, e até foi obrigatória em alguns momentos. O objetivo seria facilitar a pronúncia, evitar problemas na documentação e assimilar o estilo americano. Antigamente o primeiro nome era totalmente esquecido, mas as gerações mais novas preferem manter como um segundo nome e usá-lo quando estão com outros asiáticos da sua etnia, para evitar o apagamento cultural.

Após o ensino médio, Cindy ingressou na Universidade Estadual da Pensilvânia no curso de Artes Integrativas, um curso multidisciplinar que mistura design, comunicação e engenharia. Não existem muitas informações sobre a vida da Cindy fora ou dentro dos Estados Unidos, apenas que ela tinha ótimas notas, trabalhava em dois empregos de meio período e era considerada bastante focada em terminar a sua graduação, o que iria acontecer no ano seguinte.

No dia 31/10/2001, Cindy, então com 21 anos, foi a uma festa de Halloween no Player’s Nite Club com suas amigas Lisa Kim e Stacy Paik. Ela estava vestida de coelha usando uma blusa rosa, saia e tênis brancos, além de orelhas e rabo de coelho. As três ficaram nessa festa até as 2h da manhã no dia 1, quando decidiram ir até o apartamento de outro amigo que estava na festa para jogar videogame e comer alguma coisa. Foi relatado que a Cindy tinha bebido um pouco, mas não estava alcoolizada. Às 4h da manhã, Stacy deixou Cindy de volta no apartamento onde ela morava e que ficava localizado fora do campus da faculdade. Segundo as fontes, ela tinha uma colega com quem dividia a casa, mas ela estava visitando familiares naqueles dias.


Cindy em sua fantasia de coelho


Na tarde do dia 1, a colega que dividia o apartamento com Cindy voltou e encontrou o apartamento trancado, mas nada fora do lugar. Como a Cindy trabalhava em dois empregos, estudava e seus pais moravam fora do país, ninguém próximo sentiu que tinha algo errado até 3 dias depois, quando perceberam que ela não estava aparecendo nas aulas e no trabalho.

No dia 04/11, as amigas da Cindy decidiram chamar a polícia, que começou uma busca imediata: checando o apartamento, eles descobriram que ela entrou, deixou sua mochila em cima da cama com o celular dentro, foi ao banheiro e tirou os cílios postiços que ela estava usando. A sua fantasia, as suas chaves e a sua carteira não foram encontrados. Também foram checados os seus registros telefônicos e seus cartões de crédito, mas não havia nenhuma movimentação financeira ou ligação nos dias que se seguiram. Também não foi encontrado nada suspeito no seu e-mail. Naquela época não existia rastreamento GPS ou redes sociais como temos hoje, onde é possível verificar onde a pessoa esteve através das suas publicações. Nos dias que se seguiram, voluntários fizeram buscas em uma floresta próxima, mas não encontraram nenhum sinal da jovem.

Como em todo o caso de desaparecimento, foi levantada a hipótese de que ela teria desaparecido por conta própria, mas logo a polícia descartou essa possibilidade porque Cindy tinha recentemente comprado ingresso para ir a um show da Britney Spears e um computador novo que seria entregue nos dias seguintes, e não faria sentido ela gastar dinheiro com essas coisas se pretendia fugir.


Cartaz de desaparecida de Cindy


A polícia descobriu que Cindy tinha terminado um namoro um mês antes de seu desaparecimento. Foi proposto que o ex-namorado poderia ter algum envolvimento ou que ela poderia ter cometido suicídio por conta disso, mas as suas amigas disseram que, apesar do sofrimento inicial, a Cindy estava lidando bem com o término, inclusive fazendo terapia. A polícia também investigou a possibilidade do desaparecimento estar relacionado com tráfico de drogas, isso porque eles encontraram anotações em um diário que contava experiências dela e das amigas com maconha e ecstasy. Apesar disso, não foi encontrado nenhuma evidência de que ela usava alguma droga continuamente ou mesmo tinha usado na noite que desapareceu.

As amigas contaram em depoimento que Cindy frequentemente ia até uma loja de conveniência 24 horas que ficava próximo do seu apartamento, inclusive durante a madrugada. A principal hipótese é que ela teria sido sequestrada indo ou voltando dessa loja, embora não existam informações sobre câmeras de segurança ou relatos de algum funcionário.

Algum tempo depois, uma testemunha se apresentou e contou que tinha visto uma mulher parecida com a Cindy sendo forçada a entrar em um veículo no distrito de Chinatown, no centro da Filadélfia, a mais de 300 quilômetros de distância do apartamento dela. Essa testemunha tentou intervir, mas foi afastada pelo homem. Foi feito um retrato falado com base nesse depoimento, indicando que o suspeito tinha pele morena e cabelos no ombro. Entretanto, essa testemunha deixou de ser confiável quando começou a mudar o depoimento várias e várias vezes, e a polícia não conseguiu mais verificar a história.


Chinatown, Filadélfia


Poucos dias depois do desaparecimento, a família da Cindy viajou da Coreia do Sul para os Estados Unidos para se inteirar das buscas. Dois meses depois, a família fez uma faxina completa no apartamento, o que a polícia considerou como a destruição de potenciais evidências que ainda poderiam ser encontradas.- Juntamente com grupos universitários de onde a Cindy estudava, a família montou a Coalizão para a Busca por Cindy Song, em que os locais ajudavam a família nos trâmites legais, já que eles não falavam inglês.

3 meses após o desaparecimento, membros da coalizão criticaram o Departamento de Polícia de Ferguson Township por supostamente não estarem fazendo o suficiente para resolver o caso. Segundo eles, o caso de uma menina de 13 anos que desapareceu nas proximidades tinha mais de 50 agentes do FBI investigando, enquanto o caso de Cindy era conduzido por apenas um investigador. Após pressão da Associação Coreana de Estudantes de Graduação, o número de policiais no caso aumentou para 6. Após isso, Brian Sprinkle, o principal detetive na investigação, afirmou que a polícia cortaria contato com a família “pelo bem da Cindy”.

Sem ter muitas pistas concretas, a polícia aceitou a ajuda de uma médium indicado pela Penn State Paranormal Research Society. Segundo o detetive Brian Sprinkle, a médium deu diversas informações sobre o caso, mas nada que fosse útil naquele momento. No final de 2002, o caso da Cindy Song foi apresentado no episódio 7 da temporada 12 do programa Unsolved Mysteries. A transmissão ajudou a aumentar o interesse do público no caso, mas não gerou nenhuma pista nova.


A família de Cindy


A próxima pista do caso só apareceu dois anos depois, quando um detento e informante da polícia chamado Paul Weakley afirmou que o possível responsável pelo desaparecimento da Cindy era um assaltante chamado Hugo Selenski. Segundo depoimento, ele e um comparsa chamado Michael Kerkowski teriam sequestrado uma mulher com as características da Cindy, agredido ela inúmeras vezes ao longo de alguns dias e deixado ela trancada dentro de um freezer para morrer. Ao ser interrogado, Hugo admitiu o sequestro, mas disse que quem efetivamente matou a Cindy tinha sido o Michael, que o corpo dela estaria enterrado no condado de Luzerne e que o seu comparsa tinha guardado as orelhas de coelho da fantasia dela como um troféu. Ele também disse que a Cindy tinha sido sequestrada por engano, após ser confundida com uma garota de programa.

A polícia foi até a casa do Hugo Selenski e descobriu que ele não era apenas um assaltante, mas também um serial killer: lá foram encontrados os restos mortais de 5 corpos enterrados no seu quintal. Desses, dois foram identificados como sendo do Michael Kerkowski – o ex-parceiro – e a namorada dele, Tammy Fassett. Entretanto, nenhum dos outros corpos era da Cindy Song. A polícia também investigou Paul Weakley, o informante: uma busca foi feita no seu computador, no qual foi descoberto vários artigos sobre o desaparecimento da Cindy. Após isso, foram levantadas duas possibilidades: era possível que Paul pudesse ter estudado os detalhes do caso apenas para oferecer evidências falsas à polícia em troca de uma sentença reduzida, ou que ele poderia ser o próprio assassino e estaria tentando despistar a investigação, mas nada foi provado.

Em 2022, uma reportagem sobre o caso feita pela ABC News entrou em contato com o Departamento de Polícia de Ferguson Township, que informou que, apesar da falta de novas informações, o caso ainda está aberto e sob investigação.


Hugo Selenski


• FONTES: CNN, The True Crime Edition, The Charley Project, Unsolved Mysteries, ABC News, Grazy TV.

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