Entre 1978 e 1991, 17 homens entre 14 e 32 anos foram assassinados. Além de perderem a vida, o seu assassino desmembrava seus corpos e guardava partes para praticar necrofilia e canibalismo.
Essa é a versão escrita do episódio #3 - Jeffrey Dahmer, o Canibal de Milwaukee:

Jeffrey Lionel Dahmer nasceu em 21 de maio de 1960 na cidade de Milwaukee, Wisconsin. Ele era filho de Joyce Annette e Lionel Herbert Dahmer. Joyce era conhecida pela vizinhança como uma mulher muito nervosa e ansiosa, que falava bastante e gostava de ter a atenção das pessoas que ela conversava. Em certo ponto ela chegou a ficar acamada, foi diagnosticada com depressão e hipocondria (quando a pessoa acredita fielmente que possuí uma ou mais doenças sem um diagnóstico oficial).
Ela e o Jeffrey ficavam muito sozinhos porque na época o Lionel era estudante de química da Marquette University e passava boa parte do tempo lá. Além disso, os pais do Jeffrey brigavam bastante e não tinham muito tempo para ele. Quando o Jeffrey estava na escola, a mãe dele engravidou, e por causa disso ela tinha ainda menos tempo para ele. Uma das professoras dele na época disse que chegou a detectar alguns sinais de abandono, porém não era algo tão grave ao ponto de uma intervenção. Nesse período ele era descrito como tímido, retraído e com poucos amigos.
Um dos primeiros sinais preocupantes quando falamos de um serial killer é o fascínio por animais mortos: quando o Jeffrey tinha 4 anos ele viu o pai removendo o esqueleto de um animal de baixo da casa da família. Segundo o Lionel, o Jeffrey ficou "estranhamente emocionado" com o som que os ossos faziam. Depois disso, ele passou a procurar ossos pelos arredores da propriedade.
Quando era um pouco mais velho, ele passou a colecionar insetos em potes e a recolher carcaças de animais mortos, que depois ele desmembrava para ver como eram por dentro. O caso mais preocupante foi quando o Jeffrey decapitou a carcaça de um cachorro, pregou o corpo em uma árvore e empalou o crânio em uma estaca na floresta atrás da casa dele.
Durante um jantar, o Jeffrey perguntou para o pai o que aconteceria se ele colocasse ossos de frango na água sanitária. Como o Lionel era químico, ele mostrou para o filho como era o processo, que é conhecido como branqueamento e serve para preservar os ossos. Tanto esse processo como o fato dele guardar algumas partes dos animais mortos vão ser comportamentos que vão se repetir mais tarde.
Em 1968 o Lionel se formou e conseguiu um emprego como químico na cidade de Akron, Ohio. Por causa disso, a família se mudou para uma cidade vizinha chamada Doylestown. Em dezembro a Joyce deu à luz ao irmão do Jeffrey. Os pais pediram para escolher o nome do irmão, e ele escolheu David. A família se mudou para Bath Township no mesmo ano.

A família Dahmer
Quando tinha 14 anos o Jeffrey começou a beber, e ele bebia muito, inclusive durante as aulas, escondendo garrafas dentro de uma jaqueta que ele usava para ir à escola. Ele sempre foi um aluno mediano, jogou tênis durante o ensino médio e chegou a tocar na banda do colégio. Além disso, era conhecido no colégio como o “palhaço da classe”, aquele colega que conta piadas e pregava peças nos outros alunos.
Foi também na adolescência que ele descobriu que era gay, porém não contou para os pais. Ele chegou a ter um relacionamento com outro adolescente, mas eles não chegaram a ter relações sexuais. O Jeffrey passou a fantasiar sobre dominação e controle dos seus parceiros. Ele também se masturbava pensando em torsos masculinos, asfixia e dissecação dos corpos, assim como ele fazia com os animais, e para ele aquilo era normal.
Quando ele tinha 16 anos, ele bolou um plano para atacar um colega, deixar ele inconsciente e praticar relações com ele desacordado, porém ele não conseguiu porque o colega, que era um corredor, não passou pelo local em que ele estava esperando com um taco de beisebol.
Em 1977, as coisas não iam muito bem na casa dos Dahmer: as notas do Jeffrey tinham caído e seus pais continuavam brigando muito. Em setembro eles decidiram se divorciar, isso porque o Lionel descobriu que a Joyce teve um caso e saiu de casa no início de 1978. A mãe ficou com a guarda do David e se mudou para outra cidade, e o Jeffrey ficou morando sozinho.

Jeffrey na época do colégio
Três semanas depois da formatura do ensino médio, Jeffrey deu carona para um homem chamado Steven Hicks e convidou ele para beber algumas cervejas na casa dele, e o Steven aceitou. Depois de várias horas conversando e bebendo, o Steven disse que iria embora, porém o Jeffrey não queria que ele fosse. Então o que ele fez? Espancou o Steven com um haltere duas vezes. Depois que ele caiu no chão, o Jeffrey o estrangulou, tirou as roupas e se masturbou em cima do cadáver.
No dia seguinte, ele dissecou o corpo no porão e enterrou os restos mortais em uma cova rasa no quintal da casa. - Várias semanas depois, ele desenterrou os restos mortais e dissolveu a carne em ácido, jogou a solução no vaso sanitário, esmagou os ossos com uma marreta e espalhou o resto na floresta atrás da sua casa.
Em agosto, o Jeffrey se matriculou na Universidade Estadual de Ohio no curso de administração de empresas, entretanto suas primeiras notas foram baixas e ele desistiu depois de 3 meses. Nessa época ele já estava abusando muito do álcool: em uma ocasião, seu pai chegou de surpresa e viu que o quarto do filho estava repleto de garrafas de bebidas.
Seu pai então pediu para ele se alistar no Exército. De lá ele foi para o Texas e para a Alemanha Ocidental servir como médico de combate, que é o soldado responsável por prestar os primeiros-socorros na linha de frente do campo de batalha. Ele foi dispensado em 1981 devido ao abuso de álcool.
Com medo de enfrentar o pai, ele viajou para viajou para Miami Beach, arrumou um emprego e alugou um quarto em um daqueles hotéis de beira de estrada. Jeffrey gastava quase todo o seu salário em bebida, tanto que foi despejado do hotel por falta de pagamento. Ele passou um tempo dormindo na praia até ligar para o pai e pedir para voltar para casa em setembro. Ele voltou para Ohio e morou um tempo com o pai e a madrasta, mas os problemas com bebida causavam brigas entre eles.
Depois de ser preso por dirigir embriagado, seu pai o enviou para morar com sua avó em West Allis, no Wisconsin. A relação dele com a avó era muito boa, ele arrumou um emprego e até mesmo ia na igreja com ela. Nessa época ele foi preso por ato obsceno e acabou perdendo o emprego 10 meses depois, ficando desempregado por mais de dois anos. No começo de 1985 ele conseguiu outro emprego, dessa vez em uma fábrica de chocolate no turno da madrugada.

Casa da avó de Jeffrey Dahmer em West Allis
Naquele mesmo ano, enquanto estava na Biblioteca Pública West Allis, o Jeffrey foi abordado por um homem que queria dar dinheiro a ele em troca de sexo oral. Ele não respondeu ao homem, porém esse incidente fez despertar novamente as fantasias que ele tinha na adolescência, e ele passou a frequentar bares e saunas gays.
Jeffrey ficava frustrado porque, segundo ele, os parceiros se movimentavam muito durante o ato sexual. Por isso ele passou a dar álcool misturado com remédios para seus parceiros, e depois abusando deles enquanto estavam dormindo. O Jeffrey conseguia os remédios dizendo que precisava deles para ajustar seu sono para o turno da madrugada.
Em 1986 ele viu no jornal uma reportagem sobre um menino de 18 anos que havia morrido recentemente, e ele teve a ideia de roubar o cadáver e levar para casa. Ele até chegou a tentar cavar na cova, porém o solo estava muito duro e ele desistiu.
Em agosto de 1986 ele foi preso mais uma vez por ato obsceno. Dessa vez, ele foi acusado de se masturbar na frente de dois meninos de 12 anos. Ele até admitiu, mas disse que apenas estava urinando no local e não tinha visto as crianças. Ele pegou um ano de liberdade condicional. Sem contar a morte do Steven Hicks, esse foi seu último crime brando, já que daqui pra frente começaria a matança em série.
A segunda vítima de Jeffrey foi Steven Tuomi: no dia 20 de novembro de 1987, ele conheceu o homem em um bar e os dois foram até um quarto alugado de hotel. Jeffrey deu a bebida misturada com o remédio para dormir e abusou dele. Porém, quando acordou no dia seguinte, ele viu que o Steven estava deitado ao seu lado com hematomas, o peito esmagado e com sangue escorrendo pela boca. Ele disse que não tinha a menor ideia do que tinha acontecido naquela noite e por isso ficou desesperado.
Para se livrar do corpo, ele saiu do hotel, comprou uma mala e transportou o corpo até a casa de sua vó. Depois de uma semana, ele desmembrou o corpo, “limpou” a carne dos ossos e colocou em vários sacos de lixo. Ele também colocou os ossos dentro de um lençol e quebrou com uma marreta. Ele se livrou de tudo, menos da cabeça do Steven, que ele manteve enrolada em um cobertor. Depois de duas semanas, o Jeffrey ferveu a cabeça em uma mistura de detergente industrial e alvejante. Depois de limpo e clarificado, ele se masturbou com ele.
O assassinato de Steven foi o gatilho para Jeffrey começar a matar em série, seguindo agora o mesmo modus operandi: ele buscava as vítimas em bares gays e atraía até a casa de sua avó. Lá ele drogava as vítimas, abusava delas e matava elas estranguladas.
A próxima vítima foi um garoto de programa de 14 anos chamado James Doxtator. Ele atraiu o James oferecendo US$ 50 para uma sessão de fotos na casa dele. Lá os dois tiveram relações sexuais e depois o Jeffrey o drogou e matou estrangulando. O corpo do James ficou uma semana no porão antes de ser desmembrado, fervido e clarificado assim como o de Steven.
Em março de 1988, o Jeffrey conheceu um homem de 22 anos chamado Richard Guerrero do lado de fora de um bar gay. Ele ofereceu US$ 50 para o Richard passar a noite com ele, e ele aceitou. Chegando lá, o Jeffrey drogou ele com álcool e remédio para dormir, estrangulou ele com uma tira de couro e faz sexo oral no cadáver. O corpo do James também foi desmembrado e o crânio foi clarificado.
Em de abril, o Jeffrey atraiu mais um jovem para casa e deu a ele um café misturado com remédios para dormir. Porém, aconteceu que a vó dele apareceu e percebeu que ele não estava sozinho no quarto. Por causa disso, ele preferiu não matar esse rapaz, apenas esperou que ele desmaiasse e levou ele até o hospital. A vó do Jeffrey ficou muito brava em descobrir que ele estava trazendo rapazes para casa, além de reclamar de que o porão e a garagem estavam com um cheiro muito ruim.
Apenas um dia depois de se mudar ele foi acusado de abuso de menor por drogar e tentar ter relações com um menino de 13 anos. O pai do Jeffrey soube do que aconteceu e contratou um advogado para ele. O advogado conseguiu que o Jeffrey passasse por avaliações psicológicas antes das audiências no tribunal, e o resultado foi que Jeffrey Dahmer tinha dificuldades em diferenciar a realidade da fantasia, além de ser impulsivo e não confiar nos outros. Ele também foi diagnosticado com transtorno de personalidade esquizoide.
Em janeiro de 89, o Jeffrey foi condenado por agressão sexual de segundo grau, com agravante da vítima ser menor de idade. Nesse tempo, ele voltou para a casa da vó e fez mais uma vítima: Anthony Sears, de 24 anos. O Jeffrey atraiu o Anthony até a casa de sua avó, eles fizeram sexo oral e depois o Jeffrey drogou e matou o rapaz estrangulado. Na manhã seguinte, ele colocou o corpo de Anthony na banheira da casa, cortou a cabeça, retirou a carne do corpo e pulverizou os ossos. Como ele tinha achado o jovem muito bonito, ele guardou a cabeça e as genitálias em jarros com acetona dentro de uma caixa de madeira atrás do seu armário de trabalho.
A condenação do crime de agressão sexual veio em meio, quando ele foi sentenciado a cinco anos de liberdade condicional e foi obrigado a se registrar como agressor sexual. Em maio de 1990 ele se mudou da casa da avó para um apartamento perto de seu local de trabalho, levando a cabeça mumificada do Anthony com ele.

Sala do apartamento de Jeffrey Dahmer
A primeira vítima no novo apartamento foi o garoto de programa Raymond Smith, de 32 anos. Eles foram até o apartamento, o Jeffrey deu bebida misturada com sete pílulas para dormir e estrangulou ele. No dia seguinte, o Jeffrey comprou uma câmera polaroid e tirou várias fotos do corpo. Depois ele desmembrou, ferveu os membros em uma panela alta e escorreu os ossos na pia, que nem macarrão. Ele dissolveu o resto do corpo, limpou totalmente o crânio, pintou com spray e colocou ao lado do crânio de Anthony.
Uma semana depois o Jeffrey atraiu outro jovem até o apartamento e tentou dar uma bebida com os sedativos, porém por um erro ele mesmo acabou tomando. Quando acordou, viu que o jovem tinha roubado várias peças de sua roupa, US$ 300 em dinheiro e um relógio. Com medo da polícia ir até sua casa e encontrar algum vestígio dos assassinatos, ele não relatou o roubo para a polícia.
Em junho de 1990, Dahmer atraiu Edward Smith, de 27 anos, até seu apartamento. Novamente ele drogou e estrangulou Smith, porém ao invés de repetir os processos anteriores, ele colocou o esqueleto dele no freezer por vários meses pra depois dissolver as partes. Depois de colocar o crânio no forno pra secar, ele acabou explodindo.
Três meses depois de matar o Edward, o Jeffrey encontrou um homem de 22 anos chamado Ernest Miller perto de uma livraria. Eles foram até o apartamento e o Jeffrey ofereceu US$ 50 pro Edward deixar ele ouvir o coração e estômago dele. Quando o Jeffrey tentou fazer sexo oral no Edward, ele disse que ia custar mais caro. O Jeffrey aproveitou então e deu uma bebida com os remédios para dormir, porém nessa ocasião ele só tinha dois comprimidos, e ele sabia que iria demorar para fazer efeito. Percebendo o erro, o Jeffrey cortou o pescoço do Edward, que sangrou até a morte em poucos minutos. Novamente ele tirou fotos do corpo e desmembrou na banheira. Ele beijou a cabeça decepada e conversou com ela enquanto retirava a carne do resto do corpo. Além dos rituais que ele já praticava, dessa vez ele guardou o coração, bíceps e os músculos das pernas da Edward na geladeira.
Três semanas após o assassinato do Edward, a vítima da vez foi o David Thomas de 22 anos, que o Jeffrey convidou para ir ao seu apartamento para tomar uns drinques e posar para umas fotos. Ele deu a bebida com sedativo para o David, porém depois que ele ficou inconsciente, ele não se sentiu mais atraído pelo jovem, e com medo que ele acordasse e ficasse com raiva por ter sido drogado, o Jeffrey resolveu estrangular ele. Dessa vez ele não reteve nenhuma parte do corpo, apenas tirou fotos do processo de desmembramento.
Depois da última vítima, o Jeffrey ficou quase cinco meses sem matar ninguém, embora tenha tentado abordar os homens e levar eles até seu apartamento. Nesse período também ele também se queixou de ansiedade, depressão e pensamentos suicidas, além de questões quanto a sua sexualidade, solidão e dificuldades financeiras.
Em fevereiro de 1991, o Jeffrey viu um jovem de 17 anos chamado Curtis Straughter parado em um ponto de ônibus perto da Universidade Marquette. Ele atraiu o Curtis até o seu apartamento oferendo dinheiro para ele posar para fotos nuas e ter relações sexuais. O Jeffrey drogou o Curtis, algemou e estrangulou. Depois ele desmembrou o corpo e manteve o crânio, as mãos e os órgãos genitais.
Em abril, o Jeffrey encontrou um jovem de 19 anos chamado Errol Lindsey. Ele convidou para ir até o apartamento, mas foi difícil convencê-lo porque ele era heterossexual. Depois de insistir muito, o Errol foi até lá, o Jeffrey drogou ele, mas ao invés de matar diretamente como as outras vítimas, ele fez um buraco no crânio do Errol e despejou ácido clorídrico como um “experimento”. Acontece que o Errol acordou no meio do processo se queixando de dor de cabeça, então o Jeffrey deu mais remédios para dormir pra ele e terminou de matar por enforcamento. Ele decapitou o Errol pra manter o seu crânio, esfolou o corpo e colocou a pele em uma solução de água fria e sal por várias semanas, porém ele acabou se livrando dela porque ela tinha ficado muito quebradiça.

O quarto de Jeffrey Dahmer
Ainda em 1991, outros moradores do mesmo prédio do Jeffrey Dahmer começaram a reclamar que vinha um cheiro muito desagradável do apartamento dele, além de muito barulho, principalmente de serra elétrica. O síndico entrou em contato com Jeffrey sobre as reclamações, e ele deu várias desculpas: desde que sua geladeira estava descongelando até que seus peixes tinham morrido no aquário.
Em maio de 1991 o Jeffrey vez mais uma vítima: Tony Hughes, de 31 anos, porém apenas matou, sem desmembrar. 3 dias depois ele se aproximou de Konerak Sinthasomphone, de 14. O Konerak foi até o apartamento para posar para algumas fotos. O Jeffrey deu deixou ele inconsciente, e ele chegou a ver o corpo do Tony, porém não conseguiu reagir. Ele injetou ácido no crânio do Konerak que desmaiou. O Jeffrey colocou ele na cama e ficou deitado do seu lado, bebendo.
Quando a bebida acabou, ele saiu para comprar mais e ficou um tempo bebendo em um bar próximo. Quando ele voltou, viu que o Konerak estava na esquina da sua casa, nu, conversando com algumas pessoas. Ele tentou levar o Konerak para o apartamento de novo, mas uma mulher que estava ali disse que ela já tinha ligado para a polícia. Quando a polícia chegou, o Jeffrey disse que o Konerak era seu namorado de 19 anos, que tinha bebido e se metido em uma briga. Mesmo com as pessoas protestando, os policiais levaram o Konerak até o apartamento e o Jeffrey mostrou uma foto polaroid que ele tinha tirado momentos antes do crime para “comprovar” que eles eram um casal. Antes de partir, um dos policiais chegou a dizer que havia um cheiro estranho no local (era o cheiro do corpo do Tony Hughes), porém eles não foram checar para ver do que se tratava, e o caso foi classificado como uma briga de casal.
Depois que a polícia foi embora, o Jeffrey deu mais uma injeção de ácido clorídrico no cérebro do Konerak, que faleceu dessa vez. No dia seguinte ele tirou o dia de folga, desmembrou os dois corpos e ficou com o crânio.
Depois de quase ser descoberto, ao invés de diminuir a quantidade de ataques, ele passou a atrair e matar cada vez mais: primeiro ele matou Matt Turner de 20 anos por estrangulamento e guardou sua cabeça e alguns órgãos dentro do freezer. Só 5 dias depois ele matou Jeremiah Weinberger, de 23 anos, injetando água fervente em seu crânio. Em julho ele matou Oliver Lacy de 24 anos, praticou necrofilia com seu cadáver, desmembrou o corpo e colocou a cabeça e o coração dele na geladeira. 4 dias depois ele matou Joseph Bradehoft de 25 anos por estrangulamento.
Nesse meio tempo, depois de pedir uma série de folgas no seu trabalho, ele acabou sendo demitido. Aproveitando o tempo livre, ele dissolveu o restante dos corpos das vítimas que ele havia feito.

Barril com ácido utilizado por Jeffrey para dissolver o corpo de suas vítimas
No dia 22 de julho de 1991, dois policiais da cidade de Milwaukee encontraram um homem muito agitado com algemas presas em um pulso. Esse homem era Tracey Edwards, de 32, e ele disse aos policiais que um homem tinha colocado aquelas algemas nele e que ele tinha passado horas sendo mantido em cativeiro em um apartamento próximo.
O Jeffrey conheceu o Tracy naquele dia e convidou ele para ir até o apartamento. Assim que ele entrou, ele sentiu um cheiro muito ruim no local, além de notar que havia caixas e mais caixas de ácido clorídrico. O Jeffrey tentou algemar ele, porém só conseguiu prender um dos pulsos. Depois disso, ele ficou ameaçando o Tracy com uma faca e disse que iria comer o coração dele. O Tracy tentou ficar calmo e repetiu várias vezes que eles eram amigos, e assim ele esperou até que o Jeffrey desse bobeira e ele acertasse um soco na cara dele, fugindo pela porta da frente, e foi nesse momento em que ele viu o carro da polícia.
Os policiais foram até o apartamento, e o Jeffrey calmamente convidou eles para entrar. Ele confessou que tinha colocado a algema no Tracy, e que a chave estava na mesa de cabeceira. Um dos policiais foi até o quarto e encontrou uma gaveta semiaberta cheia de fotos polaroides. Quando ele olhou mais de perto, viu que eram fotos dos corpos desmembrados. O policial foi até a sala e perguntou se aquelas fotos eram de verdade, e nesse momento, percebendo que seria pego, o Jeffrey tentou fugir, mas foi dominado.
Vários policiais foram chamados até os locais, e encontraram um verdadeiro açougue dos horrores: foram encontradas 5 cabeças e 2 corações humanos na geladeira e 1 torso no freezer. Dentro do barril de ácido haviam mais 3 torsos, e espalhados pelo apartamento eles encontraram mais 7 crânios, órgãos sexuais preservados, dois esqueletos inteiros e mãos decepadas. O legista-chefe da polícia afirmou que o apartamento "foi mais como desmontar o museu de alguém do que uma cena de crime real."

Freezer de Jeffrey Dahmer contendo restos humanos embalados
Antes mesmo do julgamento, começaram a aparecer as primeiras questões: a policia foi acusada de não ter feito agido antes porque o caso envolvendo menores, LBGTs e negros, visto que a grande maioria das vítimas eram afro-americanas, e no caso de Konerak Sinthasomphone que tinha apenas 14 anos.
O julgamento em si começou em janeiro de 1992: como o caso já tinha tomado enormes proporções, foram tomadas várias medidas de segurança, até mesmo uma barreira à prova de balas. A maioria das vítimas eram negras e somente um afro-americano estava no júri, o que provocou protestos entre populares.
Apesar de ter confessado todos os assassinatos, ele se declarou inocente de todas as acusações e a defesa declarou insanidade alegando somente uma pessoa mentalmente instável poderia fazer o que ele fez. Dentre as testemunhas de acusação, Tracy Edwards foi muito importante para contar tudo o que ele viu na casa e como era o comportamento do Jeffrey.
O júri não acreditou na insanidade e considerou ele são e culpado por todas as acusações. Ele foi condenado a 15 penas de prisão perpétua consecutivas, e mais uma foi adicionada posteriormente, e ele foi mandada para a Instituição Correcional de Columbia. Inicialmente ele não tinha contato com outros presos, mas aos poucos ele foi sendo integrado. Ele passava a maior parte do tempo lendo, trabalhando na prisão e também passou a frequentar um culto local, inclusive foi batizado.

Tracy Edwards durante o julgamento de Jeffrey Dahmer
No dia 28 de novembro de 1994, o Jeffrey foi designado para limpar a sala de musculação da prisão com mais dois detentos, o Christopher Scarver e o Jesse Anderson. Quando os guardas voltaram para verificar se eles já tinham terminado, eles encontraram o Jeffrey e Jesse quase mortos: o Christopher tinha espancado os dois com uma barra de ferro. O Jeffrey foi declarado morto hora depois. O Jesse chegou a ir para a UTI, porém morreu alguns dias depois.
Quanto aos motivos para fazer isso, o Christopher disse que atacou os dois homens porque Deus tinha pedido para ele fazer isso. Primeiro ele disse que não havia planejado os ataques com antecedência, mas depois revelou que escondeu a barra de ferro dentro da roupa antes dos assassinatos. Nessa época ele já cumpria prisão perpétua por assassinato, e foi condenado a mais duas pelos assassinatos do Jeffrey e do Jesse.

Christopher Scarver na época dos assassinatos
Foram feitos alguns filmes sobre o caso do Jeffrey Dahmer, mas dois são os mais conhecidos: o primeiro é o “Dahmer - Mente Assassina” de 2002, estrelado pelo Jeremy Renner, o Gavião Arqueiro. O segundo é “Meu Amigo Dahmer” de 2017, que narra os anos de colégio do Jeffrey até seu primeiro assassinato, e é estrelado pelo Ross Lynch, o namoradinho da Sabrina da Netflix.

Poster do filme "My Friend Dahmer" com Ross Lynch e Alex Wolff
• FONTES: Biography, FBI, ESRI, All That's Interesting, NZ Herald, Distractify, CrimeReads, Aventuras na História, A&E.
Um caso que revela a omissão e descaso dos policiais com crimes onde minorias são as vítimas. Não houve investigação sobre o desaparecimento de nenhuma das vítimas, sendo que o caso só foi descoberto porque uma delas conseguiu se salvar. O pior é que pesquisando encontrei esse texto de 1994 da Folha que conta que os policiais que foram acusados de omissão foram absolvidos do caso sobre o pretexto de seguirem orientação de "respeitar opções sexuais". https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1994/11/30/mundo/5.html