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#97 - Horror em Amityville | MISTÉRIOS

  • Foto do escritor: Rodolfo Brenner
    Rodolfo Brenner
  • 26 de jun.
  • 15 min de leitura

Em 1974, Ronald DeFeo Jr. assassinou 6 membros da sua família, supostamente por ouvir vozes que o mandaram fazer isso. Pouco tempo depois, a família Lutz se mudou e presenciou diversos eventos sobrenaturais. Mas o quanto dessa história é verdade?


Essa é a versão escrita do episódio #97 - Horror em Amityville.



A família DeFeo era composta pelos pais, Ronald Sr. e Louise e os 5 filhos: Ronald DeFeo Jr, conhecido como Butch (23), Dawn (18), Allison (13), Marc (12) e John (9). Eles moravam em uma casa no número 112 da Ocean Avenue, em um terreno de mais de 1000 m² em Amityville, uma pequena comunidade localizada na cidade de Babylon, no condado de Suffolk, estado de Nova York. Por mais que a família parecesse feliz e unida para quem visse de fora, quem conhecia Ronald sabia que ele era um homem com temperamento explosivo, que descontava em tudo e em todos quando tinha ataques de raiva, mas principalmente no filho mais velho, o Butch, com quem tinha um péssimo relacionamento.

Butch já tinha um histórico triste e problemático: durante toda a infância e adolescência ele foi isolado e sofreu bullying na escola por estar acima do peso. Posteriormente, ele começou a usar várias drogas, incluindo heroína e LSD. Quando Butch ficou mais velho, ele e o pai começaram a ter brigas físicas constantes. Por conta desses problemas, Ronald e Louise levaram Butch a um terapeuta, mas ele disse que não precisava de ajuda. Por algum motivo, os pais acharam que o melhor que eles poderiam fazer era encher o Butch de presentes, incluindo um barco de US$ 14.000. Posteriormente, Ronald empregou Butch na loja de carros da família, e ele recebia um salário alto mesmo aparecendo dia sim dia não para trabalhar.


Em ordem: John, Allison, Marc, Dawn e Butch


Como o esperado, o comportamento dele só piorou e ele passou a praticar alguns crimes, incluindo furto e tráfico de drogas. Algo que chamou a atenção dos seus conhecidos era a presença de traços psicóticos: certa vez, enquanto caçava com alguns amigos, Butch apontou o seu rifle para um deles, que fugiu do local. Quando ele voltou horas depois, Butch parecia não se lembrar do que tinha acontecido. Pouco tempo antes do crime, Ronald e Louise entraram em uma briga pesada e Butch decidiu intervir: ele pegou uma espingarda carregada, desceu até a sala e apontou a arma para seu pai gritando “Deixe essa mulher em paz. Eu vou te matar, seu gordo filho da puta”. Butch chegou a puxar o gatilho, mas a arma falhou. Seus pais estavam completamente congelados de medo, e ele simplesmente saiu da sala e voltou ao seu quarto.

A relação entre Ronald e Butch piorou ainda mais depois que o filho tentou dar um golpe no pai: uma semana antes do crime, Butch foi encarregado de ir até o banco depositar US$ 1.800 em dinheiro e US$ 20.000, mas, ao invés disso, ele decidiu embolsar a grana juntamente com outro funcionário da empresa.- Os dois voltaram duas horas depois e contaram que foram roubados. Ronald chamou a polícia, e as coisas começaram a dar errado: Butch e o colega não tinham nem pensado em uma história para contar, e eles acabaram ficando tão tensos que chamaram a atenção. Butch começou a ter um ataque de raiva, batendo nos carros, gesticulando e xingando os policiais. Na sexta-feira antes dos assassinatos, a polícia foi até a loja de carros e pediu para Butch ir até a delegacia examinar fotos de possíveis suspeitos do roubo. No último minuto, ele desistiu de ir, o que levou a um confronto com seu pai no meio do estabelecimento, na frente dos clientes e dos funcionários. Butch então deixou o local gritando e dizendo que iria matar o pai.


Ronald e Louise DeFeo


Na madrugada do dia 14/11/1974, Butch era o único acordado. Ele foi até um armário onde ele guardava várias armas, pegou um rifle e foi até o quarto dos pais, atirando fatalmente nos dois. Após isso, ele foi até o quarto dos irmãos, John e Mark, e fez o mesmo. Ele fez o mesmo com as irmãs Allison e Dawn. Após isso, ele tomou banho, fez a barba e saiu levando as roupas que usou no crime. Ele descartou os itens em um bueiro e foi trabalhar para ter um álibi.

Naquela manhã, os funcionários acharam estranho que Ronald não tinha aparecido na loja de carros, mas Butch tratou de amenizar dizendo que ligaria para casa. Ele saiu do trabalho depois do meio-dia, visitou um amigo e depois foi até a casa da sua namorada por volta das 13h30. De lá, ele ligou para casa novamente, se mostrando preocupado com a falta de comunicação. Depois das 18h, ele foi a um bar com um amigo, onde bebeu e usou drogas, dizendo aos outros que precisava ir para a casa ver o que estava acontecendo. Butch então saiu do local e retornou poucos minutos depois, completamente desconsertado, dizendo ao amigo: “Alguém atirou na minha mãe e no meu pai!”

A polícia foi chamada e, ao chegar na casa, precisou dispensar uma multidão que se aglomerava na frente do local. Dentro da casa, eles encontraram os corpos da família DeFeo: todos estavam deitados em suas camas, de bruços, com a cabeça descansando sobre os braços. Ao ser questionado pelo detetive Gaspar Randazzo, Butch disse que desconfiava de um mafioso chamado Louis Falini, que supostamente teria rancor de sua família por conta de uma discussão anterior. No primeiro momento, Butch não era considerado suspeito, pois seu relato era consistente e ele estava se mostrando cooperativo, mas tudo mudou quando foi feito um pente fino no seu quarto, onde foram encontrados rifles e caixas de munição compatíveis com o crime. Juntando com o roubo do dinheiro da loja e várias mudanças no seu depoimento, a polícia decidiu pedir sua prisão e ele confessou o crime.


Polícia levando o corpo de uma das vítimas


O julgamento aconteceu no dia 14/10/1975, e a defesa não tinha muito com o que trabalhar, afinal, Butch já tinha confessado. O advogado William Weber optou pela teoria de que Butch apresentava problemas mentais e não poderia responder por seus atos. Ele disse que o seu cliente ouvia vozes que mandaram ele assassinar sua família. Quando foi interrogado por seu advogado, Butch disse não reconhecer seus pais e não lembrar que tinha matado alguém. Depois, ele mudou sua alegação dizendo: “O que fiz foi legítima defesa e não havia nada de errado nisso. Quando tenho uma arma na mão, não tenho dúvidas de quem eu sou. Eu sou Deus.”

Tanto a acusação quanto a defesa chamaram médicos psiquiatras para testemunhar: a promotoria chamou o Dr. Harold Zolan, que identificou traços de personalidade antissocial no réu. A defesa chamou o médico psiquiatra Dr. Daniel Schwartz, que atribuiu a ele episódios de psicose, neurose e dissociação de identidade. Mais tarde, Dr. Daniel Schwartz ficaria conhecido por entrevistar e diagnosticar David Berkowitz, o Filho de Sam, caso que a gente acabou de contar. No dia 21/11/1975, Ronald DeFeo Jr. foi considerado culpado de seis acusações de assassinato de segundo grau e condenado a prisão perpétua, com possibilidade de condicional após 25 anos. A evidência que mais pesou contra a teoria de insanidade foi a de que, após atirar nos seus familiares, Butch recolheu todos os cartuchos de bala. Ele ficou preso até 2021, quando morreu aos 69 anos.

Existem algumas controvérsias interessantes em relação ao caso que precisam ser mencionadas: sempre houve uma dúvida sobre como Butch conseguiu atirar em todos os membros da família sem que eles acordassem entre um tiro e outro. Uma das teorias é de que ele teria tido a ajuda de alguém: em 2002, Butch afirmou que cometeu os crimes com a ajuda da irmã mais velha, Dawn, e dois amigos, Augie Degenero e Bobby Kelske. Segundo ele, o plano inicial era matar somente os pais, porém, Dawn matou as crianças para não haver testemunhas. Por causa disso, os dois tiveram uma discussão e Butch acabou atirando na irmã. Agora vem a parte interessante: segundo a perícia da época, realmente foi encontrada pólvora na roupa da Dawn, mas era impossível saber se ela tinha atirado alguém ou só estava próxima de alguém que atirou.


A lápide da família DeFeo


O casal George e Kathy Lutz se mudou para a casa de Amityville no dia 18/12/1975. George tinha 28 anos e era dono de uma empresa de agrimensura em Deer Park, enquanto Kathy tinha 30 anos e era dona de casa. Ela tinha 3 filhos do primeiro casamento: Daniel (9), Christopher (7) e Melissa, chamada de “Missy” (5), além de um cachorro labrador chamado Harry. Segundo a descrição da imobiliária, a casa era do estilo colonial holandesa, com seis quartos, sala de estar espaçosa, sala de jantar, varanda fechada, dois banheiros e um lavabo, porão reformado, garagem para dois carros e um abrigo para barcos. A corretora que atendeu o casal contou sobre o assassinato dos DeFeo, e mesmo assim o casal decidiu adquirir o imóvel, até porque o preço estava muito abaixo do mercado. Eles também compraram várias peças da mobília antiga da casa.

Assim que o casal se mudou, eles chamaram o padre Frank Mancuso para abençoar a casa. Antes mesmo de chegar, o padre já estava se sentindo estranho, inquieto e com a sensação de que algo ruim iria acontecer. Assim que ele começou a abençoar e jogar água benta, ele ouviu uma voz dizendo “saia daqui”. Ele não contou nada para os Lutz, apenas perguntou se eles sabiam do histórico da casa, e George respondeu que sim. O padre Frank dirigiu até a casa da sua mãe, com quem tinha combinado de jantar. Assim que abriu a porta, sua mãe perguntou: “Qual é o problema com você, Frank? Não está se sentindo bem?”. Frank respondeu que não e foi até o banheiro para lavar o seu rosto. Lá, ele viu dois enormes círculos negros debaixo dos olhos, como se ele estivesse sem dormir a meses. Ele tentou lavar com água e sabão, mas não saiu.


A família Lutz


Os primeiros dias foram tranquilos, porém, George começou a ficar muito irritado com tudo o que acontecia na casa, principalmente com o comportamento das crianças. Além disso, ele perdeu a vontade de trabalhar, de se barbear ou tomar banho, passando a maior parte do tempo reclamando do frio que sentia dentro da casa. Os filhos da Kathy, que sempre foram educados, pareciam ter sofrido uma mudança de personalidade, e agora não se comportavam ou respeitavam ordens. Isso também afetou Kathy, que não parava de se preocupar com o clima entre o marido e os filhos. Eles chegaram a dar uma surra nos filhos depois que eles quebraram uma janela, coisa que eles nunca tinham feito antes.

No dia 22/12, Kathy estava na cozinha, quando um dos filhos chamou ela até o banheiro. Ao entrar, eles apontaram para o vaso sanitário: era como se alguém tivesse jogado tinta preta por dentro, mas era uma substância mais viscosa e muito mal cheirosa. Poucas horas depois, na janela de um dos quartos, que era uma sala de costura, George e Kathy viram que havia centenas de moscas se aglomerando. No mesmo dia, alguém bateu na porta da casa. Quando Kathy abriu, era um homem sorridente, na faixa dos 35 a 40 anos e que estava com um pack de cervejas nas mãos. Ele disse: “A vizinhança quer dar as boas-vindas. Vocês não se importam, não é?”. Isso de vizinhos ou de um comitê aparecer para dar as boas vindas é algo comum nos Estados Unidos, porém, George achou o homem suspeito, já que a vizinhança era composta por casas de um padrão elevado e o sujeito parecia desgrenhado demais para pertencer ali. Mesmo assim, George deixou ele entrar.

Ele foi até a cozinha, repetiu o que tinha dito sobre as boas vindas, contou que guardava seu barco no abrigo de um outro vizinho e foi embora. Posteriormente, os Lutz tentaram descobrir quem era aquele homem, mas nunca mais souberam dele.- Antes de dormir, George passou a conferir se todas as portas e janelas da casa estavam trancadas, e só depois ele ia para a cama. Ele acordou às 3h15 e teve um ímpeto de descer até o primeiro andar. Quando chegou lá, encontrou a porta principal arrombada, presa apenas por uma das dobradiças.


A casa de Amityville


Naquela noite, Kathy acordou gritando: “Ela foi baleada na cabeça! Ouvi os disparos dentro da minha cabeça!”. Ela havia sonhado com a morte da Louise DeFeo, e com esse detalhe específico que ninguém, além da polícia, sabia. George consolou a esposa, que estava muito assustada, e depois, foi até o abrigo de barcos verificar se estava tudo bem com o cachorro Harry. George verificou que o cão dormia e que a porta do abrigo estava trancada. Mas o alívio durou pouco: assim que ele olhou em direção a casa, viu algo na janela do quarto da Missy: um par de olhos vermelhos que o encaravam. Quando chegou mais perto, viu que era uma cabeça de porco que o observava. Ele correu até o quarto e viu Missy deitada de bruços, dormindo, porém, uma cadeira de balanço estava se movimentando como se alguém estivesse sentado ali.

Lembram do padre Frank Mancuso? Ele ficou muito doente depois de ter visitado a casa. Dias depois, ele ligou para os Lutz e disse para eles manterem as crianças longe da sala de costura, a mesma que as moscas apareceram. George e Kathy proibiram os filhos de irem lá, sem dar mais explicações. As 3 crianças estavam conversando sobre isso, quando Missy disse “Eu sei por que a gente tem que ficar longe de lá. O Jodie está lá dentro”. Quando Daniel perguntou quem era Jodie, ela respondeu: “Ele é meu amigo. Ele é um porco”. Alguns dias depois, George e Kathy estavam na sala, quando viram dois olhos vermelhos pela janela, como se alguém estivesse observando do lado de fora. Como poderia ser um intruso, George decidiu ir até o lado de fora, mas não viu ninguém. Ele pediu uma lanterna para Kathy e os dois encontraram uma trilha de pegadas que iam da janela até o rio, e não eram pegadas humanas, mas sim de um porco.


Jodie (o porco) observa George pela janela (cena do filme Horror em Amityville)


Após o ano novo, houveram diversas manifestações sobrenaturais na casa: certo dia, Kathy estava se esquentando na lareira quando viu uma figura demoníaca se formar no fogo. Ela gritou em pânico, e quando George veio ver o que era, viu o mesmo ser. Na mesma noite, o casal acordou com as janelas abertas do seu quarto, e o cobertor no chão, como se algo quisesse matar eles de frio. No porão, George encontrou um cômodo secreto atrás de uma parede. Por lá, parecia que havia algumas manchas de sangue na parede, mas não dava para ter certeza. O pior de tudo era o cheiro forte de excrementos humanos que ficava no local. Em uma noite, quando George acordou, ele viu a Kathy levitando na cama. Ele puxou o seu cabelo e ela caiu na cama. Quando George ligou o abajur, viu que a face da Kathy estava envelhecida, como se ela tivesse 90 anos. Kathy correu para o banheiro para olhar no espelho, mas o rosto dela já tinha voltado ao normal.

Enquanto isso, o padre Frank Mancuso continuava doente, com febre, dores no corpo, vômitos e bolhas nas mãos. Sempre que ele se olhava no espelho, pensava que as marcas eram causadas por algo ruim que estava naquela casa. George e Kathy ligaram para ele mais de uma vez, mas ele se recusava a voltar ao local. Quem também estava doente era o cachorro da família, que se recusava a comer e quase não levantava mais para latir. Depois de conversar com diversos amigos e vizinhos, começou a brotar a ideia de que a casa realmente poderia ser assombrada. Além da chacina dos DeFeo, eles suspeitavam que a casa poderia ter sido construída em cima em solo profano. Com medo, todos passaram a dormir juntos na sala da lareira.

Na noite do dia 12 de janeiro, George teve um pesadelo que o fez acordar gritando, o que acordou a sua esposa. Os dois estavam na cama conversando quando Missy entrou no quarto e disse para o pai: “Jodie disse que quer falar com você”. Ele perguntou quem era Jodie, e Kathy respondeu: “É o amigo imaginário dela”. George e Kathy foram até o quarto da filha. O pai perguntou “Onde está o Jodie?”, e a Missy disse “Ele vai voltar logo, ele é um anjo e saiu pela janela”. Quando eles olharam para a janela, viram dois olhos vermelhos. Kathy pegou uma cadeirinha de madeira que a menina tinha e tacou na janela, quebrando a vidraça. Com isso, os olhos sumiram.

Os três foram para o quarto do casal e Kathy perguntou para a filha: “Você me disse que o Jodie era um porco, por que disse lá em cima que ele era um anjo?”. Missy respondeu “Ele diz que é, mamãe, ele me contou”. Kathy chegou mais perto da filha: “O que ele diz para você? Vocês brincam juntos?”, e Missy disse: “Ele me conta sobre o menininho que costumava morar no meu quarto, ele morreu”. Kathy perguntou: “O que mais ele contou?”, e a menina disse: “Ontem à noite ele disse que eu iria morar aqui para sempre, para poder brincar com o menininho”.


Jodie olhando pela janela para dentro do quarto da Missy


Na última noite da família na casa, George teve um pesadelo terrível em que uma figura encapuzada entrou no quarto do Chris e tentou agarrar a criança. Ele acordou aos gritos tendo a certeza que o enteado tinha sido atacado, mas Kathy garantiu que ele estava dormindo. O padre Frank Mancuso, que sempre manteve contato com os Lutz, sugeriu que eles saíssem da casa o mais rápido possível ou algo pior aconteceria.

No dia 13/01/1976, George anunciou que eles iriam embora e ficariam na casa da mãe da Kathy até conseguirem algo melhor. A família arrumou algumas malas, pegou o cachorro Harry e entrou na van do George. Ele tentou ligar o carro várias vezes, mas ele simplesmente não pegava. Assim que foi verificar o capô, começou uma chuva torrencial acompanhada de ventos fortes e raios. Sem o carro funcionar, a única opção foi voltar para dentro da casa. Só que a chuva não parou mais, e a luz chegou a acabar.

George ligou o rádio de pilha da cozinha e o boletim meteorológico disse que a temperatura em Amityville era de -- 6°C, porém, dentro da casa, o termômetro subia sem parar: era como se a casa quisesse matar eles de calor. Por volta das 18h, a tempestade ainda não tinha diminuído e a temperatura estava em 32°C. Desesperados, os membros da família foram de quarto em quarto rezando, pedindo a Deus para que expulsasse o que quer que estivesse ali dentro. Enquanto eles faziam isso, uma gosma esverdeada escorria dos buracos das fechaduras. Por conta do calor, Kathy acabou desmaiando e George precisou levar ela para a cama, e as crianças deitaram nos seus quartos. O calor só começou a diminuir depois das 22h, quando o termômetro baixou para 15°C, esfriando a casa inteira. George deitou ao lado da esposa, mas não conseguia dormir.

Perto da 1h da manhã, foi quando a coisa degringolou de vez: alguma coisa estava arranhando o chão da casa. Logo depois, as gavetas da cômoda do outro lado do quarto começaram a abrir e a fechar, e do andar de baixo vinham várias vozes. A cama das crianças balançava e George jurava que tinha uma banda militar tocando no andar debaixo. De repente, um relâmpago iluminou todo o quarto, um vento entrou pela janela e fez tudo tremer. George estava paralizado na cama quando sentiu que tinha alguém pisando em cima dele. E não eram pés humanos, pareciam cascos. Ele desmaiou e acordou com Daniel e Chris dizendo que tinha um monstro sem rosto no quarto deles, e Harry latindo sem parar para o corredor. George conseguiu juntar todas as últimas forças que tinha, pegou a esposa, os enteados e foi para o lado de fora. Ele colocou a esposa no banco do carona, ajudou as crianças a entrarem e puxou o cachorro para dentro. Ele girou a chave rezando e o carro pegou de primeira. E assim, os Lutz foram embora de Amityville.


Fugir de Amityville seria apenas o ínicio de uma nova jordana


A notícia de que uma família tinha passado um verdadeiro inferno naquela casa de Amityville foi se espalhando pela região. Em fevereiro de 1976, o jornalista Marvin Scott decidiu investigar os relatos da suposta casa amaldiçoada junto com alguns cinegrafistas e especialistas no paranormal, incluindo ninguém mais, ninguém menos do que Ed e Lorraine Warren, famosos por conta das suas investigações sobrenaturais.- Todos que entraram ali relataram mudanças bruscas de temperatura, vozes e vultos. Lorraine relatou: “Para mim, o que existe aqui, seja lá o que for, é com certeza de natureza negativa. Não tem nenhuma relação com alguém que em outras vidas caminhou em forma humana. É algo que vem das entranhas da terra”.

Pouco tempo depois, George e Kathy conheceram o editor Tam Mossman, que trabalhava na Prentice Hall. Ele apresentou o casal para o escritor Jay Anson, que utilizou mais de 45 horas de entrevistas dos Lutz para escrever o livro “The Amityville Horror”, que foi publicado em 1977 e se tornou um best-seller com mais de 10 milhões de cópias vendidas. Em 1979, foi lançado um filme baseado no livro, com James Brolin como George e Margot Kidder como Kathy. O filme foi bastante elogiado e chegou a concorrer a um Oscar por melhor música original. Em 2005, foi lançado um remake com Ryan Reynolds como George e a Melissa George como Kathy. Essa versão não foi muito bem recebida, pois vários aspectos da história foram mudados.


Poster da versão original de The Amityville Horror


Anos depois, William Weber, o advogado que representava Ronald DeFeo Jr, disse que o livro tinha sido planejado por ele juntamente com os Lutz, aumentando muito todos os acontecimentos: por exemplo, Jodie, o porco, na realidade seria o gato de um vizinho que tinha o hábito de olhar pelas janelas da casa. Segundo o professor Robert Bartholomew, especialista em histeria coletiva e pânico social, os Lutz abandonaram a casa em Amityville porque não conseguiam pagar a hipoteca, e decidiram vender a história da suposta assombração para recuperar suas perdas financeiras. Outra coisa que chama a atenção é que outras famílias se mudaram posteriormente e nunca relataram nada sobrenatural na casa. Inclusive ela já foi reformada e vendida 4 vezes, e você consegue encontrar imagens do interior dela na internet.

E o que aconteceu com a família Lutz? Depois de virarem celebridades, o casal acabou se divorciando em 1980. Kathy morreu em 2004, enquanto o remake do filme estava sendo filmado, enquanto George faleceu dois anos depois. Quanto aos filhos, Daniel já deu várias entrevistas confirmando que as experiências foram verdadeiras.- Seu irmão, Christopher, foi mais brando: ele disse que coisas estranhas aconteceram, mas que o livro e o filme exageraram em tudo. Por fim, a pequena Missy sempre se manteve longe da mídia e nunca falou sobre o que ela viveu naqueles 28 dias naquela casa em Amityville.


Fantasma de uma criança capturada por Ed e Lorraine Warren durante sua visita


• FONTES: Biography.com, New York Magazine, Serial Killers & Mass Murderers: Profiles of the World's Most Barbaric Criminals, David Berkowitz: In His Own Words, Real Crime, BBC News, The Independent.

1 commentaire


Lucas Zanin
Lucas Zanin
há 7 dias

é verdade, eu presenciei tudo isso ai estava lá no dia...

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