Você é daqueles que gosta de aventura? De fazer trilhas, atravessar rios e escalar montanhas? Com apenas 22 anos, o britânico Andrew Irvine já era profissional em tudo isso. Por conta das suas habilidades, ele foi escolhido para a expedição que poderia mudar sua vida: ser o primeiro a chegar ao topo do Everest, a montanha mais alta do mundo. Quando ele estava próximo de conseguir, algo aconteceu e Andrew nunca mais foi visto. Se ele morreu, onde estão seus restos mortais? E se ele sobreviveu, para onde foi?
Essa é a versão escrita do episódio #87 - Andrew Irvine: Perdido no Everest.

Andrew Comyn Irvine nasceu no dia 08/04/1902 em Birkenhead, perto de Liverpool, noroeste da Inglaterra. Ele era filho do casal William Irvine e Lilian Davies-Colley, e tinha mais 5 irmãos. Tanto a família do pai quanto da mãe eram compostas por intelectuais e pessoas influentes: além do pai de Andrew ser historiador e professor, ele era primo da escritora Lyn Irvine, da ativista política Harriet Weaver e da cirurgiã Eleanor Davies Colley.
Andrew estudou na Birkenhead School, sempre tirando boas notas. Ele se destacava muito nas aulas técnicas de mecânica, na qual demonstrava uma grande habilidade para criar tecnologias e consertar coisas, mesmo que fosse no improviso. Sua aptidão era tanta que chamou a atenção até do ministro de defesa Herbert Kitchener: na época acontecia a Primeira Guerra Mundial e Andrew criou o primeiro sistema funcional de disparo de submetralhadora para aviões com hélice que não danificava as pás. Andrew também era um excelente remador, e foi pelas suas proezas nesse esporte que ele entrou na Universidade de Oxford para estudar engenharia mecânica, tendo feito parte da equipe vencedora em 1922. Nessa época ele também começou a praticar trilhas e montanhismo.
Na época da universidade, Andrew era um homem conquistador e teve vários romances, até ficar completamente apaixonado por uma corista chamada Marjory Thompson. O problema é que ela era casada com o maior empresário de aço do Reino Unido, o magnata Henry Summers. Antes de Andrew desaparecer, ela pediu o divórcio para poder ficar com o seu amado, mas como você já pode imaginar pelo título do episódio, os dois não acabaram juntos.

Universidade de Oxford
Agora que já apresentamos a nossa vítima, precisamos falar sobre o lugar onde ele desapareceu: o monte Everest. Essa montanha está localizada na Cordilheira do Himalaia, que fica na fronteira entre Nepal e o Tibete. É a maior montanha do mundo, tendo 8.849 metros de altura. O nome é uma homenagem ao agrimensor George Everest, que realizou diversos estudos topográficos na Índia, que na época era colônia britânica. Escalar até o topo do Everest é o maior feito que existe na comunidade de escaladores e montanhistas: atualmente, mais de 6 mil pessoas já alcançaram essa proeza. Os primeiros a conseguir foram o explorador britânico Edmund Hillary junto com o guia tibetano Tenzing Norgay em 29/05/1953, que completaram o caminho após 16 dias de subida.
Infelizmente já aconteceram diversos acidentes pelo caminho, além da morte de 340 alpinistas, seja por exaustão, doenças prévias, hipotermia, falta de oxigênio, quedas e avalanches: em 2015 aconteceu a mais mortal delas, quando um terremoto de 7.8 de magnitude causou diversas avalanches pela montanha, que atingiu a maior base de campistas em plena temporada de escalada. 24 pessoas morreram e 61 ficaram feridas.
Talvez a parte mais assustadora de tudo isso é que, dessas 340 pessoas que morreram, 200 nunca tiveram seus corpos retirados da montanha por problemas de logística: os helicópteros só conseguem voar até 6.400 metros de altura, isso se as condições de tempo estiverem boas. Esses corpos ficam completamente preservados pelo frio e podem ser encontrados ao ar livre, em uma área chamada Rainbow Valley, que fica abaixo do cume norte do Everest. É nesse ponto que a maioria das mortes acontece, justamente no início da descida da montanha.
Monte Everest
Em 1921, o Reino Unido iniciou uma série de expedições para o Everest na tentativa de realizar um panorama da montanha e, futuramente, alcançar o topo. Essa expedição foi liderada por Charles Howard-Bury e George Mallory, que conseguiram mapear, fotografar e indicar possíveis rotas para a subida. Um ano depois, em 1922, aconteceu a segunda expedição, agora com o objetivo de tentar chegar ao cume. Dessa vez a subida foi liderada por Carlos Bruce, que tinha a difícil tarefa de levar 12 alpinistas britânicos para o topo. Além deles, diversos tibetanos foram contratados como carregadores, e a expedição tinha cerca de 160 pessoas no total.
Eles tentaram chegar ao cume duas vezes, uma sem e outra com auxílio de oxigênio engarrafado, mas não conseguiram porque o tempo acabou piorando muito. Os alpinistas tentaram uma terceira vez, entretanto, acabaram causando uma avalanche que matou 7 carregadores, fazendo deles as primeiras mortes documentadas na tentativa de escalar o Everest. Em 1924, foi anunciada uma terceira expedição, mais uma vez com o objetivo de chegar ao topo. Novamente contava com a liderança de Carlos Bruce e com a presença de George Mallory, o único que tinha participado das duas expedições anteriores. Dentre os 12 alpinistas estava Andrew Irvine, e essa seria sua primeira e última tentativa de escalar a montanha mais alta do mundo.
George Mallory
Um ano antes da subida, em 1923, Andrew havia participado de uma expedição para o Ártico, na qual ele foi um destaque por suas habilidades. Quando foi anunciada uma nova expedição para o Himalaia, o geólogo Noel Odell, que tinha sido líder da expedição do Ártico, pessoalmente recomendou Andrew para a comitiva. Na época ele estava com 22 anos.
Andrew foi de navio partindo de Liverpool junto com alguns membros da expedição, incluindo George Mallory. Durante a viagem, Andrew usou seus conhecimentos técnicos e fez diversos ajustes nos conjuntos de oxigênio, câmeras, kits para cozinha e outros objetos da expedição. Após chegar a base do Everest, iniciou-se a subida no fim de março de 1924 com 12 alpinistas, 60 carregadores e um tradutor. O grupo se dividiu em dois e optou por seguir as mesmas rotas das expedições anteriores. A primeira baixa aconteceu quando o líder Carlos Bruce ficou doente e precisou de cuidados, passando a liderança para o segundo em comando, o alpinista Edward Norton.
Um mês depois, no dia 28/04, os grupos montaram acampamento no Vale Rongbuk, onde existe um mosteiro e um pequeno vilarejo onde os alpinistas até hoje são recebidos pelos locais. Entretanto, o tempo piorou tanto que eles foram obrigados a permanecer por lá por 3 semanas. Quando o tempo melhorou, o grupo recebeu a bênção de um líder religioso do local. Em 21/05, eles conseguiram prosseguir e montar um novo acampamento. Até o momento eles tinham montado 4 acampamentos: em 5.400 metros, 6.000 metros, 6.400 metros e 7.000 metros.
Por conta do frio, da falta de comida e do cansaço, toda a equipe decidiu descer até o primeiro acampamento. Os britânicos dispensaram boa parte dos carregadores, ficando com apenas 15, considerados os mais fortes e preparados, que foram apelidados de “tigres”. Depois de alguns dias de descanso, finalmente eles estavam preparados para subir até o cume.
A equipe de expedição: Andrew e George são os primeiros da fila de cima, respectivamente
A primeira tentativa de subida foi em 01/06/1924 com George Mallory, Carlos Bruce e nove carregadores. Depois de alcançarem o 4º acampamento, eles acharam que estavam seguros pelas condições locais, uma tempestade de neve impediu eles de prosseguir. Quando o tempo melhorou, o grupo conseguiu subir e montar um 5º acampamento a 7.681 metros, entretanto, 4 carregadores decidiram abandonar as cargas e deixar a expedição. Isso atrasaria ainda mais, já que os carregadores que sobraram teriam mais peso para carregar. Para piorar, as condições do tempo não estavam boas e mais carregadores ameaçaram abandonar as cargas. Por conta disso, a equipe decidiu descer.
Enquanto o grupo descia, eles cruzaram com Edward Norton e Howard Somervell que estavam iniciando a segunda tentativa. Após chegar no 5º acampamento, os ingleses propuseram aos tibetanos que ajudassem com o material para montar o 6º acampamento, mas que nem todos precisavam ficar lá. Depois de estabelecidos, Edward e Howard iniciaram a subida para o cume às 6h40 do dia 04/06. O tempo estava ideal e eles conseguiram subir por mais 200 metros até chegar na chamada Face Norte, quando a falta de oxigênio forçou eles a parar diversas vezes. Por volta do meio-dia, Howard disse que não conseguia mais e Edward seguiu sozinho, chegando até 8.572 metros, o ponto mais alto até o momento.
Faltavam apenas 280m para chegar ao cume, porém Edward não contava que o terreno seria tão difícil de atravessar, e por isso decidiu dar meia-volta. Enquanto estavam descendo, Howard começou a sentir a sua garganta fechando e achou que iria morrer, tendo teve que realizar uma manobra de Heimlich nele mesmo para voltar a respirar. Os dois chegaram no 4º acampamento por volta das 21h30. Durante a noite, o grupo montou estratégias e percebeu que a melhor opção seria usar as garrafas de oxigênio para chegar ao cume. A ideia era que George Mallory fizesse a subida com Edward Norton, este porém acordou com uma dor forte nos olhos e acabou ficando cego temporariamente. Por conta disso, Andrew iria no seu lugar.
Acampamento montado por Andrew e George
Andrew e George partiram para o 5º acampamento no dia 06/06, juntamente com 8 carregadores. Não havia vento no local, deixando eles ainda mais esperançosos, e por isso George pediu para que alguns carregadores voltassem para o acampamento onde os outros estavam para contar as novidades.- No dia 07/06, o geólogo Noel Odell e mais alguns carregadores foram para o 5º acampamento para auxiliar os colegas. Como Andrew e George já tinham partido para o cume, eles desceram e se juntaram ao grupo no 3º acampamento, montando um mirante para observar o topo com ajuda de um telescópio. Andrew e George deveriam chegar no cume ainda pela manhã do dia seguinte, entretanto, nenhum dos colegas que se revezavam no microscópio viu os colegas alcançando o topo. Para piorar a angústia, a montanha ficou sem visibilidade depois das 10h, quando nuvens taparam a vista.
Noel decidiu subir mais um pouco para fazer alguns estudos geológicos na região e ver onde os colegas estavam. Do ponto em que ele parou, Noel jurou ter visto dois pontinhos pretos que ele acreditava serem Andrew e George finalmente chegando no cume, porém, com 5 horas de atraso do plano inicial.- Noel andou mais um pouco e chegou no 4º acampamento, mas foi pego por uma tempestade de neve que praticamente revirou tudo o que estava no local. Mesmo assim, ele decidiu seguir e esperar pelos colegas que já deveriam estar descendo. Depois de ficar um tempo chamando por Andrew e George, ele precisou descer por conta do frio intenso.
Noel voltou a subir no dia seguinte, dessa vez com alguns carregadores. Ele chegou no 5º acampamento já acreditando que alguma coisa havia acontecido com seus colegas, pois o atraso era totalmente anormal. No dia 10/06, ele foi sozinho até o 6º acampamento, vasculhou os arredores e chamou pelos colegas, mas não havia nenhum sinal deles. Noel então desceu a montanha até encontrar seus colegas, que já esperavam que as notícias não eram boas. No dia 11/06, sem ter o que fazer, a equipe teve que encerrar a expedição.
O geólogo Noel Odell
Todos voltaram para a Inglaterra devastados com o desaparecimento de Andrew e George, e ainda precisaram dar a triste notícia para seus familiares. A Magdalene College e a Universidade de Oxford, onde George e Andrew estudaram, ergueram memoriais em homenagem a eles. Também foi realizada uma missa na Catedral de St. Paul, que contou com a presença do Rei George V. O capitão John Noel, que também tinha participado da expedição, usou todo o material gravado e fotografado para produzir o documentário “The Epic of Everest”, que conta a história da expedição e foi uma homenagem aos dois alpinistas que desapareceram.
O documentário acabou causando uma crise diplomática, isso porque John Noel achou que seria uma boa ideia levar, de forma clandestina, um grupo de monges do Tibete para apresentar um número de canto e dança budista antes das exibições do filme. Acontece que o Dalai Lama – que era a maior figura religiosa e chefe de estado do Tibete – considerou a atitude dos ingleses desrespeitosa e fechou as fronteiras do país por 9 anos.
Capa do documentário The Epic of Everest
Quando as fronteiras abriram em 1933, iniciou-se uma nova expedição, desta você focada em encontrar algum vestígio de Andrew e George. A equipe encontrou o machado para gelo de Andrew em uma área de rochas soltas próxima do cume. O líder da expedição, Percy Wyn-Harris, disse: “Parece provável que o machado marcou o local de um acidente fatal. Por razões já apresentadas, nenhum dos alpinistas provavelmente o abandonaria deliberadamente nas lajes. A sua presença ali parece indicar que caiu acidentalmente quando ocorreu um escorregão ou que o seu dono o largou para ter as duas mãos livres para segurar a corda”.
Em 1965, o alpinista Wang Fu-chou estava em na sede da Sociedade Geográfica da URSS dando uma palestra sobre a sua subida ao cume 5 meses antes, quando disse ter visto o corpo de um britânico a cerca de 8.600 metros de altitude. Quando perguntaram como ele tinha certeza da nacionalidade do cadáver, ele disse que era por conta das roupas, mais precisamente do suspensório que ele usava, que era uma característica dos ingleses. Por algum motivo essa informação ficou perdida por muitos anos e só chegou à Inglaterra anos depois.
Em 1975, houve mais um avistamento de corpo, dessa vez pelo montanhista chinês Wang Hongbao: ele disse ter visto o corpo de um ocidental a 8.100 metros da montanha. Os ingleses foram até a China procurar pelo Wang, mas a Associação Chinesa de Montanhismo negou a informação e ainda proibiu ele de dar entrevistas. O motivo é geopolítico, uma vez que a China considera o Tibete como parte de seu território, mas a Inglaterra reconhece como um estado independente.
Mapa da China com o Tibete em vermelho
Em 1986, os ingleses fizeram uma nova expedição para encontrar vestígios dos alpinistas, mas por conta do mal tempo ela acabou suspensa. Uma nova busca só aconteceu em 1999, com liderança do pesquisador alemão Jochen Hemmleb e do alpinista americano Eric Simonson. Eric era peça fundamental, pois tinha encontrado algumas garrafas antigas de oxigênio quando escalou a montanha em 1991, garrafas essas que poderiam ser dos desaparecidos.
A equipe foi dividida em dois grupos: os que iriam até o cume e os que ficariam nos acampamentos para dar suporte. Quando o primeiro grupo chegou na região em que Andrew e George tinham sumido, os alpinistas encontraram uma das garrafas de oxigênio, que foi confirmada como sendo da expedição de 1923. Enquanto o primeiro grupo estava lá em cima, o segundo grupo tentava recriar o momento em o geólogo Noel Odell disse ter visto Andrew e George de longe, algo que por muitos anos foi considerado um erro de identificação. Entretanto, ficou constatado que era possível ver os alpinistas no cume, confirmando que Noel realmente tinha visto Andrew e George antes deles desaparecerem.
O mais inacreditável aconteceu quando o primeiro grupo chegou a 8.159 metros de altura: enquanto vasculharam por vestígios, eles acabaram encontrando um corpo extremamente preservado. Ao olharem dentro de suas roupas, foi encontrado um crachá com o nome de George Mallory. George estava com a tíbia e a fíbula da perna direita quebradas, além de uma fratura exposta no pé, um cotovelo deslocado e vários machucados no lado direito. A corda usada por ele ainda estava em volta da sua cintura. Com esses ferimentos, era impossível que ele conseguisse descer, mesmo com a ajuda do Andrew.
Placa em homenagem a George Mallory e Andrew Irvine
Em 2001, Jochen Hemmleb e Eric Simonson decidiram entrevistar os alpinistas chineses que ainda estavam vivos da expedição de 1960, aquela que Wang Fu-chou tinha visto o corpo de um homem com suspensório. Xu Jing, que era vice-líder da expedição, confirmou que também tinha visto um alpinista morto, e acrescentou que o corpo estava na fenda de uma rocha, deitado de costas e com os pés voltados para cima. Em 2010, o escritor Tom Holzel analisou uma série de fotografias aéreas tiradas em 1984 pela National Geographic Society. Ele identificou algo a cerca de 8.425 metros, muito próximo de onde tinham achado o machado de gelo de Andrew. Se aquilo realmente fosse um corpo, ele estaria na fenda da rocha e com os pés apontando para o cume, exatamente como Xu Jing descreveu.
Em 2019, o alpinista Mark Synnott liderou um grupo para finalmente investigar a fenda descrita anteriormente. Para a surpresa de todos, não existia a tal fenda, não na altura que Xu Jing disse ter visto em 1960, e por isso os especialistas acabaram descartando os relatos dessa expedição. Lembram que teve uma outra expedição em 1975, aquela que o Wang Hongbao foi proibido de falar? Se o avistamento dele foi real, o corpo de Andrew estaria 500 metros abaixo do que se acreditava antes. Entretanto, não houveram mais expedições com essa finalidade, muito pela dificuldade de se chegar até lá. Hoje a teoria mais aceita é a de que, após George ter caído e se machucado, Andrew tenha descido para procurar ajuda, porém, sofreu um acidente ou queda pelo caminho. Seu corpo provavelmente está em algum lugar entre o 4º acampamento e o cume, uma distância de quase 2 km de altura.
Vocês podem estar pensando “ué, mas dois quilômetros nem é uma distância tão grande”, e realmente não é, se o corpo estivesse em uma linha reta, o que não é o caso. Só pra exemplificar: se a gente fingir que esses pontos que eu mencionei formem um cone e que a base também teria o diâmetro de 2 km. Pelos cálculos o corpo de Andrew está em nessa região de 7,1 km².
g² = h² + r² A = π . r (r + g) T = A - π . r²
g² = 2² + 1² A = 3,14 . 1 (1 + 2,24) T = 10,2 - 3,14 . 1²
g² = 4 + 1 A = 3,14 . 1 (3,24) T = 10,2 - 3,14
g² = 5 A = 3,14 . 3,24 T ≅ 7,1 km² ou 7.100.000 m²
g = √5 A ≅ 10,2
g ≅ 2,24
Uma média de 300 pessoas sobrem o Everest todos os anos
• FONTES: Ultimate Kilimanjaro, The Epic of Everest, British Newspaper Archive, Fearless on Everest, National Geographic, Daily Express.
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