top of page

#86 - Breck Bednar: Amizade Virtual | CRIMES REAIS

  • Foto do escritor: Rodolfo Brenner
    Rodolfo Brenner
  • 25 de mai. de 2024
  • 12 min de leitura

Desde a invenção da internet, muito se debate sobre os cuidados que nós devemos ter com golpes, vírus e hackers que podem invadir nossa privacidade e roubar nossos dados. Quando falamos de crianças na internet, a prevenção precisa ser ainda maior, porque nós sabemos que existem pessoas má intencionadas que procuram menores de idade para serem seus alvos. E foi justamente isso que aconteceu com um pré-adolescente em um dos casos mais frustrantes da História.


Essa é a versão escrita do episódio #86 - Breck Bednar: Amizade Virtual.




Breck David LaFave Bednar nasceu no dia 17/03/1999 em Breckenridge, no Colorado. Ele era filho mais velho do casal Barry Bednar, um investidor e consultor da área petrolífera, e Lorin LaFave, uma professora assistente. Os outros filhos do casal eram os trigêmeos Chloe, Carly e Sebastian, 3 anos mais novos que o Breck. Segundo o que é apontado, o Barry ganhava muito dinheiro investindo, mais de 1 milhão de dólares por ano, ou seja, eles viviam uma vida muito confortável. Na expectativa de novos negócios, o casal se mudou em 2006 para Weybridge, na Inglaterra. Pouco tempo depois eles decidiram se separar, mas foi um divórcio amigável: a guarda dos filhos ficou com a Lorin, mas eles passavam finais de semana e férias com o pai, que também era bastante presente em outros momentos. Ainda no mesmo ano, Lorin e os filhos se mudaram para Caterham, uma cidade que fica no sul de Londres.

Breck foi descrito como muito criativo, inteligente e curioso, que adorava saber como as coisas funcionavam, principalmente as que envolviam tecnologia. Segundo a mãe, ele era um garoto gentil, educado e um ótimo irmão mais velho. Breck estudava na St. Bede's School, uma escola filiada à igreja anglicana que ficava em Redhill. Na escola ele tinha um ótimo desempenho e era considerado popular e engraçado. Ele também era membro do Air Training Corps, que é uma organização parecida com os Escoteiros, porém é voltada para a aviação militar. Segundo os pais, o sonho dele era ser piloto.


Breck com seus irmãos Chloe, Carly e Sebastian


Na época do caso, Breck estava com 14 anos e passava a maior parte do seu tempo livre online, jogando e conversando com seus amigos por um aplicativo chamado Team Speak, que funciona da mesma forma que o Discord. Lorin tinha uma certa preocupação com Breck preferir interações online do que as reais, mas ele explicou que seu grupo de amigos preferia socializar dessa forma do que pessoalmente. Uma das regras da casa era a de que, enquanto estivesse jogando, Breck precisava deixar a porta do seu quarto aberta. Lorin impôs isso não para espionar e controlar o filho, mas sim para ter certeza de que ele não conversaria com adultos desconhecidos, uma vez que a grande maioria de quem jogava com ele eram colegas de escola ou amigos da mesma igreja que eles frequentavam.

Certo dia, Lorin estava passando na frente do quarto do Breck quando ouviu ele conversando com alguém que parecia ser mais velho por conta da voz. Quando ela perguntou quem era, Breck disse que se tratava de um amigo que ele tinha conhecido enquanto jogava, ele se chamava Lewis Daynes e era líder do grupo do Team Speak que ele e seus amigos usavam. Pela voz Lorin pensou que se tratava de um adulto, mas Breck garantiu que ele tinha apenas 17 anos.


Breck com sua mãe, Lorin


O tempo foi passando e Breck passava cada vez mais tempo online, sempre conversando com Lewis. De vez em quando Lorin entrava no quarto enquanto os dois conversavam e ela chegou a trocar algumas palavras com ele, mas Lewis não parecia interessado em conversar com ela. Lorin pediu para ver uma foto do Lewis, mas o filho disse que ele não tinha por uma questão de segurança: Lewis trabalhava para o governo em alguns programas secretos.

E não era só isso: Lewis era um programador que tinha nascido na Inglaterra, mas que agora morava em Nova York. Ele desenvolvia softwares para diferentes organizações, incluindo o Departamento de Defesa dos EUA. Ele também era milionário por mexer com transações de bitcoins e viajava o mundo todo, tudo isso com 17 anos. Ele também contou que Lewis prometeu conseguir um emprego para ele assim que ele fizesse 16 anos. Quando Lorin perguntou se os pais de Lewis acompanhavam a carreira do filho, Breck disse que ele morava sozinho.

Lorin obviamente não acreditou nessa história: além das grandes façanhas, ela achava estranho alguém de 17 anos com tanto dinheiro e poder passar os finais de semana jogando com meninos de 13/14 anos.- Com o passar do tempo, Lorin percebeu uma mudança no comportamento do filho: Breck, que antes era gentil, estava mais rebelde e questionador. Ele também passou a reclamar de ter que ajudar nas tarefas domésticas, não tinha mais paciência com os irmãos, começou a faltar nos treinamentos da Air Training Corps e não queria mais frequentar a igreja.

Poderia ser o comportamento comum de um adolescente, se não fosse pela clara influência que Lewis tinha nisso: toda vez que Breck questionava algo era sempre vindo de frases como “Lewis disse que eu não sou obrigado a fazer isso” ou “Lewis acha melhor que eu não vá mais a tal lugar”. Além de influenciar Breck a se voltar contra a própria família, Lewis também passou a afastar ele dos seus amigos. Segundo entrevista para o documentário Murder Games: The Life and Death of Breck Bednar, Lewis fazia intrigas, jogava os garotos uns contra os outros e também excluía quem ele não gostava das partidas online. Eles até tentaram alertar Breck sobre o que Lewis estava fazendo, mas o garoto não acreditou neles e todos se afastaram ainda mais.


Capa do documentário Murder Games: The Life and Death of Breck Bednar


Breck contou aos pais que Lewis tinha se mudado de Nova York para Londres e que ele gostaria de conhecê-lo pessoalmente. Lorin concordou, contanto que ela fosse junto. Breck convidou Lewis para tomar um café com ele e sua mãe, mas ele recusou dizendo que a mãe de Breck não gostava dele e ele se sentiria desconfortável.- Após essa recusa, Lorin queria proibir de vez o contato dos dois porque sabia que havia algo errado naquela situação. Alguns dias depois, Breck chamou sua mãe e disse que tinha algo no computador que ele gostaria que ela lesse: era uma de duas páginas dizendo que Breck era um garoto independente e que precisava de mais liberdade. Também dizia que, de agora em diante, ele não iria mais se subordinar às ordens dela. Lorin sabia que Breck jamais escreveria aquilo, e não deu outra: no final da carta estava escrito que Lewis tinha sido o autor.

Mais preocupada do que nunca, ela ligou para a polícia em dezembro de 2013 e informou que seu filho estava sendo manipulado por um desconhecido na internet. Ela deu todas as informações que sabia sobre o Lewis e a atendente disse que retornaria se descobrisse alguma coisa, porém, ela encerrou o protocolo sem fazer nenhuma verificação.

Lorin decidiu tirar o acesso de Breck ao computador e ao celular, mas Lewis enviou um celular novo para que os dois continuassem conversando em segredo. Com isso Lewis passou a exigir cada vez mais atenção de Breck, que começou a se sentir um pouco incomodado. Ela também falou com os pais dos amigos de Breck e marcou uma reunião para saber tudo o que estava acontecendo. Lorin explicou suas preocupações com Lewis, os pais e amigos debateram e todos concordaram em começar a jogar usando outro servidor. O que Lorin não sabia é que Breck já tinha contado da reunião para Lewis e ele tinha orientado o garoto a gravar a reunião em segredo.


Amigos de Breck: todos foram afastados dele por Lewis


Mas afinal, quem era esse Lewis Daynes? É difícil dizer porque existem pouquíssimas informações sobre ele. Seus pais se separaram quando ele era muito novo e a guarda ficou com a mãe. Aqui existem divergências de informações: algumas fontes dizem que ele foi morar com a avó, enquanto o documentário fala que ele viveu com algumas famílias adotivas.

Com 16 anos, ele foi morar sozinho em um pequeno apartamento em Grays, no condado de Essex. Não fica claro como ele se mantinha ou pagava o aluguel, mas a maioria das fontes diz que ele estava desempregado naquela época. Em 2010, Lewis foi acusado de tentar persuadir alguns garotos online para ir até a casa dele, meninos que inclusive moravam em outros países. Em um desses casos, ele teria perseguido um menino ao ponto de invadir os computadores da escola onde ele estudava para intimidá-lo.

Em 2011, com 15 anos, ele conheceu um garoto da mesma idade na internet e o convidou para ir até a sua casa, onde, segundo esse garoto, Lewis teria abusado dele sexualmente. Ele negou o crime e alegou que a relação tinha sido consensual. As acusações foram retiradas pela família da vítima, entretanto, o nome do Lewis foi para uma lista de jovens que deveriam ser vigiados por conta do comportamento problemático.


Única foto de Lewis Daynes antes do julgamento


Em janeiro de 2014, Breck foi para a Espanha em uma viagem escolar que durou 10 dias. Durante a viagem, ele resolveu deixar o telefone de lado e aproveitar o tempo com seus amigos. Ele também fez amizade com uma garota e postou uma foto com ela no Facebook. Quem não gostou nada disso foi o Lewis, que passava o dia mandando mensagens dizendo coisas como “você deveria estar estudando e não namorando” e “você precisa apagar aquela foto, a garota parece uma puta e todo mundo vai achar que você dormiu com ela”.

Lorin precisou ir para outra cidade em um evento da escola em que ela trabalhava e o seu ex-marido ficou na casa dela cuidando dos trigêmeos. Breck voltou quando Lorin ainda estava fora, e foi aí que Lewis viu uma possibilidade de convencer o garoto a ir até sua casa sem que a mãe interferisse. Lewis contou para Breck que os dois precisavam se encontrar com urgência porque ele tinha uma doença terminal e restava pouco tempo de vida. Além disso, ele deixaria a sua empresa para Breck e ele precisava ir até sua casa para assinar os papeis necessários.


Instruções que Lewis passou para Breck conseguir convencer o pai a sair


Por volta das 4 da tarde, Breck perguntou para o pai se poderia ir até a casa de um amigo e o pai disse que sim. Lewis explicou o caminho e disse para Breck ir de táxi pois ele pagaria a corrida quando ele chegasse lá. Ele também pediu para Breck levar todos os eletrônicos que ele tinha em casa, incluindo o notebook e o celular. A casa de Lewis não era próxima e a corrida deu mais de £ 100 e, segundo o taxista, Lewis pagou com dinheiro vivo. Depois de algumas horas, Barry mandou uma mensagem e perguntou se Breck já estava voltando. Ele disse que estava se divertindo muito e perguntou se poderia dormir lá. O pai deixou, só pediu para que ele voltasse antes das 10 da manhã.

Na manhã seguinte, Barry ficou esperando o filho voltar, mas as horas passavam e ele não dava nenhuma notícia. Ele ligou várias vezes, mandou várias mensagens de texto, mas Breck não respondeu. Preocupado, Barry avisou Lorin do que tinha acontecido e eles ligaram para todos os amigos do filho, mas ninguém sabia onde ele estava. No mesmo dia, dois amigos que estavam no mesmo servidor que Breck e Lewis receberam mensagens de texto com fotos de um corpo. Eles, por sua vez, mandaram essa foto para outras pessoas, que mandaram para outras, e a foto acabou viralizando entre os amigos e alunos da escola em que Breck estudava. Um amigo de Breck que recebeu as fotos mandou para os trigêmeos perguntando se aquilo era verdade e eles ficaram chocados ao ver que eram fotos do corpo do irmão.

Às 6 da manhã do dia 17, a polícia recebeu uma ligação totalmente incomum: era Lewis confessando que tinha matado Breck durante uma briga. Lewis contou que ele e Breck eram amigos e que o garoto tinha vindo dormir na sua casa porque estaria “cansado da sua vida”. De manhã, Lewis acordou e viu que Breck passou a noite acordado e agora estava em um estado de paranoia e estava se preparando para tirar a própria vida.- Lewis teria abraçado Breck para acalmá-lo, mas isso causou uma briga entre os dois. Em legítima defesa, Lewis pegou uma faca que ele deixava próximo de sua cama e esfaqueou Breck no pescoço. Após isso, Lewis disse não se lembrar do que aconteceu, mas que a briga terminou com ele cortando a garganta do amigo.


Ligação completa de Lewis para a polícia


A polícia foi enviada até o endereço do Lewis e encontrou o corpo do Breck em cima da cama, com os pulsos e tornozelos presos com fita. Eles também encontraram os equipamentos eletrônicos do Lewis dentro da pia, submersos em água. A polícia constatou que não havia sinais de uma briga e que o crime parecia totalmente premeditado. A perícia confirmou que Breck tinha sofrido agressões sexuais e que a causa da morte foi uma hemorragia causada pelo corte na garganta. Enquanto isso, um oficial foi até a casa dos Bednar para relatar o ocorrido, mas encontrou a família já devastada por ter recebido as fotos. Para piorar, o dia que Breck foi assassinado, 17/02. era aniversário da Lorin.


Peças de eletrônicos dentro da pia / A roupa que Lewis usou na noite do crime


O julgamento do Lewis Daynes aconteceu em janeiro de 2015. A promotoria disse que ele era um assassino sádico que tinha planejado todo o crime: além de encontrarem instruções que ele tinha escrito sobre o que Breck deveria dizer ao seu pai, foi comprovado que ele tinha comprado fita adesiva e preservativos no mesmo dia do assassinato.- Apesar de ter tentado destruir os aparelhos eletrônicos dele e de Breck, Lewis não percebeu que Breck não tinha levado o seu tablet. Os peritos digitais tiveram acesso a todas as mensagens que eles trocaram e ficou claro que Lewis mentiu para manipular Breck e convencer ele a ir até sua casa.

Lewis preferiu ficar em silêncio durante o julgamento, se limitando a assumir a responsabilidade e se considerar culpado de todas as acusações. Seu advogado disse que ele tinha um passado de rejeição e isolamento e por isso preferia viver online do que no mundo real, acabando com qualquer chance de uma interação social correta. Antes da sentença, a juíza Justice Cox disse: “Você fez amizade com Breck e com outros garotos através dessa comunidade online. Depois, seu contato com Breck aumentou de forma sinistra. E aí você atraiu a sua vítima para a sua casa e o matou. Tenho certeza de que este assassinato teve motivação sádica ou sexual”.

Lewis foi condenado à prisão perpétua com possibilidade de condicional em 2040, quando ele terá 44 anos. Perguntada sobre a prisão, Lorin disse: “Nenhuma quantidade de tempo atrás das grades pode curar a mentalidade tóxica e os atos de um animal perturbado que pode se comportar dessa maneira”. Ela também disse que jamais perdoaria Lewis pelo que ele fez. É importante ressaltar que, apesar de se considerar culpado, Lewis nunca contou exatamente o que aconteceu naquela noite. A teoria mais aceita é a de que Lewis matou Breck por ciúmes dele durante a viagem que ele fez para a Espanha, além de querer atingir diretamente Lorin tirando aquilo que ela mais amava no mundo.


Familiares e amigos de Breck acompanharam o seu funeral


A persuasão que Lewis fez com Breck é chamada de grooming, e normalmente funciona assim: primeiro, o predador sexual cria um perfil se passando por uma criança ou adolescente; depois, começa a procurar por menores em redes sociais, fóruns e jogos online. Ao encontrar uma possível vítima, o predador passa a conversar com ela até estabelecer uma relação de confiança. Quando a vítima já está envolvida, ele pede para que a criança envie fotos e vídeos comprometedoras usando alguma desculpa como pano de fundo. Como a vítima acha que está conversando com alguém da mesma idade, é mais fácil conseguir convencê-la. Na posse do material, o predador se revela: ele pede por mais fotos, vídeos ou até um encontro presencial, dizendo que, se a vítima não obedecer, mandará as fotos para os seus pais ou amigos.

De acordo com a legislação brasileira, essa prática é considerado crime pelo Estatuto da Criança e do Adolescente: segundo artigo 241-D, é crime Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso. Isso inclui facilitar ou induzir o acesso à criança de material pornográfico e induzir a criança a se exibir de forma sexualmente explícita. A pena é prisão de 1 a 3 anos e multa.

Obviamente o crime mexeu muito com a família do Breck, principalmente com a Lorin: ela desenvolveu Transtorno de Estresse Pós-traumático e chegou a ficar um ano sem sair de casa.- Após o julgamento, os Bednar entraram com uma ação contra a polícia de Surry e de Essex pela falta de ação quanto às denúncias que Lorin tinha feito. A Comissão Independente de Queixas Policiais investigou os dois departamentos e concluiu que a pessoa que tinha atendido Lorin não compreendeu que o caso se tratava de aliciamento de menores e também não realizou as pesquisas necessárias nos bancos de dados, uma vez que Lewis estava naquele banco de dados. Além de um acordo monetário, a polícia de Surry implementou uma lista de verificação de exploração sexual e incluiu aliciamento infantil no treinamento dos seus policiais.

Em janeiro de 2016, Lorin informou às autoridades que, de alguma forma, Lewis tinha criado um blog e estava escrevendo sobre seus crimes de dentro da prisão. A polícia investigou e descobriu que não era ele, e sim alguém nos Estados Unidos. O blog foi tirado do ar pouco tempo depois.- Em 2019, Chloe, uma das irmãs de Breck, começou a receber mensagens perturbadoras no Snapchat de alguém novamente se passando por Lewis. A polícia britânica iniciou uma investigação, mas o Snapchat se recusou a entregar os dados do usuário alegando que a lei americana não permitia enviar essas informações para outros países.

Para lidar com o trauma, Lorin fundou a Breck Foundation e hoje ela viaja pelo Reino Unido fazendo palestras em escolas, departamentos de polícia e ONGs com a intenção de informar sobre a alienação de crianças e segurança na internet. Uma coisa interessante é que, dentro das diretrizes da Fundação, está a não culpabilização dos jogos e da internet, pois Lorin acredita que é perfeitamente possível que crianças e adolescentes tenham um envolvimento positivo com a tecnologia. Seus amigos também homenagearam ele plantando uma árvore na sua escola com uma placa dizendo Breck Bednar: virtualmente jogue / realmente viva.


Lorin em entrevista para a BBC


• FONTES: Find a Grave, Medium, Breck Foundation, HELLO! Magazine, this is MONSTERS, Murder Games: The Life and Death of Breck Bednar, Jusbrasil, Consultor Jurídico.

Comments


bottom of page