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  • Foto do escritorRodolfo Brenner

#73 - Família Liske: Massacre no Halloween | CRIMES REAIS

No Halloween de 2010, três membros de uma mesma família foram mortos de maneira violenta. Quando os corpos foram encontrados, a cena era tão bizarra que acreditaram que tudo era uma brincadeira assustadora.


Essa é a versão escrita do episódio 73 - Família Liske: Massacre no Halloween:



O caso aconteceu na comunidade de Martin, no norte do estado de Ohio. Era lá, em uma propriedade de frente para o lago Erie, que morava a família Liske: o pai, William Liske, de 53 anos, tinha o apelido de Bill. Ele era um veterano aposentado da Força Aérea e na maioria do tempo estava acompanhando a esposa em atividades ao ar livre. Ele foi descrito como tendo um grande coração e sendo muito apaixonado pela esposa. A mãe, Susan, tinha 46 anos e trabalhava como gerente de escritório do Comitê Conjunto de Aprendizagem e Treinamento da Northwest Ohio Carpenters. Ela gostava muito de jardinagem, acampamento e caça, e foi descrita como uma pessoa muito amorosa com a família e os amigos.

O filho mais velho, William Liske Jr, tinha 24 anos e o apelido dele era BJ. BJ era filho de William de um casamento anterior e foi descrito como sendo uma pessoa extremamente reservada e até um pouco sombria. Ele tinha problemas de comportamento e de relacionamento com a madrasta e seus meios-irmãos. Derek Griffin, de 23 anos, era o do meio e filho apenas da Susan. Derek gostava muito de esportes: ele praticava corrida, taekwondo e gostava muito de velejar. Seus amigos descreveram ele como sendo muito engraçado e que fazia várias piadas bobas para os outros sorrirem. Devon Griffin, assim como Derek, era filho apenas da Susan. Ele tinha 16 anos e não tem muitas informações sobre ele na internet, apenas que ele cantava no coral de uma igreja da comunidade.


Localização da comunidade de Martin, em Ohio


No último final de semana de outubro de 2010, Devon foi passar alguns dias na casa do seu pai (lembrando que ele era filho de um casamento anterior da Susan) e voltou para casa no dia 31 para trocar de roupa e ir até um ensaio do coral na igreja. Ele chegou perto das 9h30 e encontrou BJ, que perguntou onde ele estava indo e quanto tempo ele ficaria fora. Devon estranhou o comportamento do meio-irmão, que parecia um pouco eufórico, bem diferente do normal. Devon ficou apenas cinco minutos em casa e saiu para a igreja, onde ficou por toda a manhã.

Ao retornar para casa, ele foi direto para o seu quarto jogar videogame, até que, por volta das 13h30, ele percebeu que a casa estava muito silenciosa e decidiu ir até o quarto da sua mãe para ver se ela estava lá. Lá ele encontrou a mãe e o padrasto deitados, com o cobertor cobrindo suas cabeças, mas os pés descobertos. No início ele achou que eles estavam dormindo, mas mesmo assim era muito atípico já que sua mãe sempre levantava cedo. Quando ele se aproximou, ele percebeu que o travesseiro dela estava cheio de sangue.

Logo que ele viu a cena, ele achou que era uma brincadeira, isso porque seus pais tinham dado uma festa de Halloween no final de semana e a decoração macabra ainda estava pela casa. Ele ficou algum tempo olhando aquilo, até que percebeu o que estava acontecendo e saiu correndo de casa. Ele ligou para uma tia chamada Lori, que morava próximo, e ela foi até o local para acalmá-lo e chamar a polícia.


Devon Griffin em 2022


A polícia chegou na propriedade e descobriu os corpos de Bill e Susan deitados no seu quarto, assim como Devon tinha contado. Além deles, eles também encontraram o corpo do irmão do meio, Derek, dentro do seu quarto, que inclusive estava trancado por dentro. Não havia sinais de luta pela casa e a suspeita era de que eles tinham sido mortos enquanto dormiam. A perícia examinou a cena do crime e descobriu que Bill tinha levado cinco tiros na região da cabeça, enquanto Susan levou três tiros à queima roupa, ambos de uma arma calibre 22. Derek foi o único que não foi baleado: ele foi agredido até a morte com um objeto contundente, que posteriormente foi descoberto ser um martelo.

Devon contou à polícia que os pais tinham várias armas, e que alguma delas poderia ter sido usada no crime. As armas foram recolhidas, mas nenhuma era calibre 22. A suspeita era de que o assassino tivesse jogando a arma dentro do lado que ficava atrás da casa. O lago chegou a ser drenado, mas nada foi encontrado. Em entrevista aos polícias, Lori, a tia de Devon, disse que tentou ligar para casa algumas vezes desde às 7h, depois que Derek, que trabalhava com ela, não tinha aparecido. Ela foi até a propriedade e não encontrou ninguém em casa, apenas notou que a caminhonete da família não estava lá. Lori também disse aos policiais que acreditava no envolvimento de BJ, que, segundo ela, tinha vários problemas com a lei e já chegou a ameaçar Susan durante brigas em casa.

A polícia começou a procurar BJ, mas ele já tinha fugido do local. Eles receberam uma dica de que ele tinha passado em um Subway e resolveram checar as câmeras de segurança próximas. Com as informações, eles conseguiram chegar até uma cabana que pertencia a família do Bill, que ficava a 270 km da casa de onde os Liske moravam. Ele inclusive tinha estado lá com BJ um dia antes.- No local a polícia encontrou uma caminhonete branca que correspondia à descrição do carro da família e decidiram ficar de tocaia. Logo eles viram BJ saindo na varanda da cabana para fumar e o renderam. Ele foi levado para uma delegacia no condado de Carroll enquanto as provas estavam sendo processadas, incluindo uma pistola calibre 22 encontrada na caminhonete.


A casa onde o crime aconteceu


Segundo depoimentos, BJ e Susan não se davam bem porque ele não aceitava o casamento do seu pai com outra mulher. Ela tentou propor algumas regras e colocar limites no enteado, mas ele não aceitava ela como figura de autoridade. BJ também tinha ficha criminal e um histórico de prisões: em 2002, quando ainda tinha 16 anos, ele ficou em prisão domiciliar por agressão, e a polícia foi chamada mais de uma vez pelos Liske porque ele ameaçava os outros e a si mesmo. Em 2004, BJ agrediu a Susan durante uma discussão, mas ela não reportou o caso. Dois meses depois, ele voltou a agredi-la e também roubou o seu carro, e dessa vez ela registrou uma queixa de agressão. Ainda no mesmo ano, BJ invadiu o banheiro enquanto Susan estava tomando banho e tentou atacá-la. Ocorreu uma briga generalizada na residência e William chegou a expulsar o filho de casa.

Em 2007, BJ foi internado no Lar Coletivo Sandusky para Pacientes de Saúde Mental, onde ele foi diagnosticado com transtorno esquizoafetivo do tipo bipolar: segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, esse transtorno é caracterizado pela presença de sintomas de esquizofrenia como delírios e alucinações juntamente com episódios de euforia e de depressão. Durante o tratamento, a polícia teve que ser chamada pelo menos três vezes por conta do seu comportamento violento.

William se preocupava muito com BJ: apesar de dizer para alguns amigos que tinha medo do que seu filho poderia fazer, ele tinha a tutela dele e fazia de tudo para que ele pudesse seguir com o tratamento, porque ele melhorava bastante quando seguia a medicação corretamente. Entretanto, o próprio BJ parava com a medicação depois de um tempo por acreditar que não precisava mais, além de consumir álcool e maconha, que piorava o seu quadro. Quando o crime aconteceu, ele passava a maior parte do tempo no local onde estava internado, embora seu pai sempre levasse ele pra casa para passarem um tempo juntos.


O transtorno esquizoafetivo mistura sintomas de esquizofrenia e bipolaridade


No dia 30 de outubro, os Liske deram uma festa de Halloween com a presença de vários amigos e vizinhos, entre eles, um amigo de longa data do casal chamado Mark Gradel. Mark disse que William planejava levar BJ de volta à clínica para passar a noite, mas como ele estava bebendo e não queria dirigir, ele acabou deixando o filho dormir em casa. O crime teria acontecido por volta das por volta das 6h30 do dia 31, quando a esposa de Mark ouviu os tiros que mataram os Liske. Quando Devon chegou em casa para trocar de roupa, a família já tinha sido morta e BJ deixou o meio-irmão entrar e sair de casa normalmente.

Em novembro de 2010, BJ foi acusado 6 vezes por homicídio qualificado seguido de roubo, com o agravante de ter planejado o assassinato da própria família. Embora ele tivesse o diagnóstico positivo para transtorno esquizoafetivo, foram feitas duas avaliações psicológicas que atestam ele como apto para ser julgado. Primeiramente, BJ se declarou inocente das acusações. Em um telefonema com a sua mãe quando já estava preso, ela perguntou o porquê dele ter feito aquilo, e ele respondeu “eu não estava no meio juízo perfeito”. Após o telefonema, ele se declarou culpado de 3 das 6 acusações, para escapar da pena de morte. Antes de sua sentença, BJ se desculpou pelo que tinha feito e disse que tudo tinha sido culpa de Satanás e da sua doença mental.

Em setembro de 2011, BJ foi condenado a três penas de prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional e mandado para o Instituição Correcional Ross em Chillicothe, Ohio. Em 31 de março de 2015, ele foi encontrado morto na sua cela.


BJ Liske


• FONTES: The Flying Saucer That Fell on Kera Village, Otakupapa, Digital Ultra Project, Friday Magazine.

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