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  • Foto do escritorRodolfo Brenner

#29 - Os Ets de Kelly-Hopkinsville | MISTÉRIOS

Nos anos 50, só se falava sobre OVNIs nos Estados Unidos depois de casos emblemáticos como o de Roswell. Foi nessa mesma época que uma pequena comunidade no interior dos Estados Unidos ficou conhecida para sempre quando uma família alegou que alienígenas tentaram invadir sua propriedade.


Essa é a versão escrita do episódio #29 - Os Ets de Kelly-Hopkinsville



Hopkinsville era uma pequena cidade que ficava no estado do Kentucky na região centro-sul dos Estados Unidos. Nos anos 50, a população era cerca de 12 mil pessoas, a grande maioria eram de fazendeiros e produtores rurais. A cidade não tinha prefeito: quem comandava era um conselho formado pelos membros da sociedade, juntamente com o xerife.

A cerca de 40 quilômetros de distância do centro de Hopkinsville ficava a comunidade de Kelly, formada por mais ou menos 12 famílias. Essas famílias anteriormente eram moradores de Hopkinsville, mas tinham sido expulsas por causa de “divergências religiosas”: aparentemente a população de Kelly discordava com a forma que o pastor da igreja da cidade conduzia os cultos, e resolveram fundar a própria. A relação entre Kelly e Hopkinsville não era boa: embora Kelly estivesse incorporada à cidade, o conselho não investia na comunidade, que sofria com falta de escola, de emprego e de segurança.


Hopkinsville, Kentucky


O caso aconteceu no dia 21 de agosto de 1955, na Fazenda Sutton, local que pertencia à Sra. Glennie Lankford. Lá estavam: os seus filhos mais novos, Lonnie, Charlton e Mary; dois filhos mais velhos, Elmer “Lucky” Sutton e J.C. Sutton e suas esposas, Vera e Alene e o irmão de Alene, O.P. Baker. Além deles, havia o casal Billy Ray Taylor e sua esposa June, amigos da família vindos da Pensilvânia.

Por volta das 19h, Taylor foi até o poço da fazenda pegar água quando viu um objeto prateado, brilhante e “com um escapamento de todas as cores do arco-íris” vindo silenciosamente em direção à casa. Aqui os relatos variam um pouco: a maioria das fontes fala que o objeto chegou a parar no ar por alguns instantes e depois caiu no chão, enquanto outras falam que o objeto pousou no local. Taylor voltou para dentro e contou o que tinha acontecido, mas ninguém acreditou nele, algumas pessoas até riram do seu relato.

Desenho do OVNI baseado na descrição de Taylor


Uma hora depois, o cachorro da família começou a latir incessantemente. Lucky e Taylor foram até a porta dos fundos ver o que estava acontecendo e se depararam com um brilho estranho e muito luminoso. Quando eles focaram a visão naquilo, perceberam que aquilo era uma criatura: segundo as descrições, era um ser humanoide, com mais ou menos 1,50 m, com a cabeça grande e redonda, braços compridos e mão com garras. Os olhos dele eram grandes e amarelos, e o brilho era emitido pelo corpo, que parecia ser feito de um “metal prateado”. Ainda segundo ele, a criatura flutuava.

Quando eles viram aquilo, os homens pegaram uma espingarda .22 e uma calibre 20 começaram a atirar. Segundo eles, aquela criatura conseguiu desviar e desapareceu na escuridão. De repente, a família ficou horrorizada quando viu que haviam outras criaturas aparecendo nas janelas da casa. Eles tentaram atirar neles, mas novamente as criaturas conseguiram escapar ilesas. Aqui existem duas versões: o Lucky disse que as balas balas ricocheteavam nas criaturas fazendo um som metálico, enquanto o Billy disse que eles desviavam a bala rapidamente.

Taylor saiu e ficou sob o pequeno telhado da parte dos fundos, quando uma mão em forma de garra desceu e tentou puxar o seu cabelo. O grupo gritou e puxou Taylor dentro, enquanto Lucky disparou na criatura. A família ficou presa dentro de casa por horas, tentando afugentar as criaturas, mas sem sucesso. Quando já estavam cansados demais para lutar, eles decidiram fugir de carro, e foi aí que eles chegaram na delegacia de Hopkinsville.


Representações das criaturas com base nos relatos


Os policiais se assustaram quando viram oito adultos e três crianças chegaram à delegacia por volta das 23h, informando que a fazenda onde eles estavam estava sendo atacada. As testemunhas pareciam aterrorizadas: as mulheres e as crianças estavam histéricas, e um dos homens estava com pulso de 140 batimentos por minuto, que foi medido por um investigador.

O xerife pediu reforços, e sua equipe foi acompanhada de policiais, dois helicópteros e de militares de Fort Campbell, uma base militar que ficava próxima a Hopkinsville, além de um fotógrafo do Kentucky New Era. Existem relatos de que alguns oficiais viram objetos voadores enquanto estavam indo para a fazenda. Lá, os investigadores buscaram por pistas, mas só encontraram cápsulas de bala. Aparentemente até foi buscado por garrafas de cerveja ou de outras bebidas, mas também não foi encontrado. Sem ter nada para investigar, a polícia foi embora, e a família resolveu se recolher.

Por volta das 2h30 da manhã, a Sra. Lankford acordou e viu um brilhando passar repetidamente ao lado da janela do seu quarto, e uma mão da criatura tentando entrar pela tela de proteção. Diferente da primeira vez, a família não começou a simplesmente atirar nas criaturas: eles começaram a se unir nos cômodos para fugir da visão deles, mas as criaturas pareciam encontrar eles, não importa onde eles fossem. Isso durou até o nascer do sol, quando a família colocou as malas no carro e simplesmente foram embora do local.


Representação do ataque


No dia seguinte ao incidente, os investigadores da polícia retornaram à casa da fazenda para procurar novas evidências como pouso de disco, pegadas, rastros de sangue ou marcas de arranhões no telhado, mas não encontraram nada. Um funcionário de uma rádio local chamado Bud Ledwith, entrevistou os adultos em momentos diferentes e fez desenhos com base nos relatos. Ele disse que ficou bastante impressionado com a clareza de detalhes e a consistência dos relatos.

O incidente atraiu a atenção do Projeto Blue Book, o programa de investigação de OVNIs da Força Aérea, que era secreto na época. Documentos sugerem que uma equipe foi até o Fort Campbell para conversar com os militares que foram até a fazenda, mas não chegaram (ou não relataram) uma ida até o local.

Uma investigação mais completa foi realizada em 1956 pela ufólogos Isabel Davis e Ted Bloecher, que escreveram um relatório de quase 200 páginas que inclui mapas, desenhos, registros documentais, resumos de relatos semelhantes em outras partes do mundo e entrevistas com vários membros da família e investigadores da polícia. Esse relatório só veio à tona décadas depois, quando o Projeto Blue Book publicou seus registros oficiais. No relatório, chama a atenção a falta de provas físicas.


Página do relatório do Projeto Blue Book com o depoimento da Srª Lankford


Em 2006, Joe Nickell, pesquisador sênior do Comitê Internacional de Investigação Cética e autodenominado investigador paranormal, revisou as evidências acumuladas em um artigo intitulado “Siege of the 'Little Green Men': The 1955 Kelly, Kentucky Incident”. Para ele, Billy Taylor teria confundido o avistamento do OVNI com a queda de um meteoro nas proximidades, e que as criaturas seriam Corujão-orelhudo (também conhecidas como corujas-tigre), que são conhecidas por terem penas que parecem orelhas. Muitos não acreditam nessa teoria, apontando que essa espécie não costuma ser hostil, muito menos atacar humanos.


Corujão-orelhudo (Bubo virginianus)


Quando a história começou a circular nas rádios e jornais estaduais, as pessoas começaram a aparecer na fazenda e roubar objetos do quintal, enquanto repórteres constantemente batiam na porta e tentavam entrevistar as testemunhas. Em uma dessas reportagens, foi citado que a família teria visto “little green men”, ou “homenzinhos verdes” em tradução, um termo que ficou famoso na ufologia mundial.

Mesmo colocando placas de “Proibido invadir”, pessoas continuavam aparecendo no local. A família passou então a cobrar 50 centavos para entrar no local, US$ 1 para informações e US$ 10 para tirar fotos. Depois disso, as visitas pararam, mas os céticos caíram como nunca sobre eles. Alguns dias após o incidente, a Sra. Lankford se mudou. Segundo a família, ela tinha medo de que aquelas criaturas pudessem voltar.


Jornal da época contando a história sobre o caso, com uma das pouquíssimas fotos conhecidas da família


Outros membros da família também foram bastante afetados pelo incidente: Lucky, que era um homem responsável e bastante trabalhador, começou a beber e não se mantinha mais em um emprego. Ele morreu aos 62 anos devido a problemas no fígado em decorrência do abuso de álcool.

A família nunca mais tocou no assunto, nem mesmo entre eles: Glenda Sutton Morris, filha de Lucky Sutton, relatou que só soube da história 20 anos depois, quando ufólogos e jornalistas decidiram fazer uma matéria relembrando o caso. Quando a reportagem saiu, assim como aconteceu com seu pai, a pequena Glenda contou que foi ridicularizada na escola. Apesar disso, tanto ela, quanto sua irmã Geraldine, abraçaram a história, tanto que Geraldine escreveu dois livros sobre o caso.


Os dois livros escritos por Geraldine


Em 2017, Hopkinsville ficou famosa em todo os Estados Unidos por ser uma das melhores cidades para ver o eclipse total que aconteceu no país. Coincidentemente, o fenômeno aconteceu no dia 21 de agosto, o mesmo dia do “ataque” das criaturas 62 anos antes.

Nesse mesmo ano, foi feita uma entrevista com Bill Thomas, um senhor que na época tinha 14 anos. Na noite de 21 de agosto, ele foi de bicicleta até a casa de seu primo em Kelly para ajudá-lo a consertar uma roda de carroça. Ele lembra que, naquela noite, ele viu algo estranho passar por cima dele: no começo ele achou que fosse um meteorito ou uma estrela cadente, mas percebeu que o objeto era meio azul, meio roxo, e parecia deixar um rastro de fumaça. Ainda segundo ele, a nave fazia um barulho engraçado e estava muito rápido, coisa de 1000 km/h. Eles esperavam que aquilo fosse se chocar com o chão e fazer um grande barulho, mas não aconteceu nada.


Glenda Sutton e Bill Thomas


Quando ele terminou de mexer com a carroça, Bill foi até a casa da sua namorada, que ficava a cerca de 200 metros de distância. Quando os dois sentaram na varanda para conversar, começaram a ouvir gritos e tiros vindos da fazenda, sendo que um dos tiros passou perto deles e atingiu a casa da namorada de Bill. Nesse momento, ele decidiu ir embora o mais rápido possível. Bill era amigo de Lucky Sutton, e ficou preocupado com aquilo, acreditando que poderia ser uma briga doméstica ou que tinha alguém tentando invadir a casa. Ele viu quando o carro do xerife passou acompanhado de todas as viaturas.

Na manhã seguinte a história já estava rodando pela cidade, Lucky e Bill se encontraram em um restaurante e o amigo contou sobre a história das criaturas que tentaram invadir a casa. Ele também disse que estava chateado pelas pessoas rirem deles, e que diziam que a família não passava de um bando de bêbados. O próprio Lucky não tinha histórico nenhum de abuso de álcool antes do caso. Bill foi então até a fazenda e viu queimaduras no campo onde o OVNI caiu, buracos no teto e na porta, janelas quebradas, além de arranhões que, definitivamente, foram feitos pelas garras de algum animal.

Kelly, que continua a ser uma comunidade incorporada à cidade, hoje abriga um grande parque, com OVNI gigante no meio. Esse é o local do festival anual “Little Green Men Days”, que relembra a aparição das criaturas e reuni milhares de pessoas.


Imagens do festival “Little Green Men Days” de 2017


• FONTES: World Population Review, Lethbridge News Now, History, Mundo Freak Confidencial.

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