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  • Foto do escritorRodolfo Brenner

#81 - Cemitérios Assombrados | MISTÉRIOS

Abandonados em regiões rurais ou presentes no meio das grandes cidades, os cemitérios fazem parte da nossa sociedade e são importantes fontes de pesquisa histórica e arquitetônica. Acaba que, por conta de sua natureza, não é incomum que surjam histórias assustadoras sobre fantasmas e outras aparições que residem e assombram os cemitérios.


Essa é a versão escrita do episódio #81 - Cemitérios Assombrados.



• RESURRECTION CEMETERY:

Localizado em Chicago, é o 6º maior cemitério dos Estados Unidos, com mais de 150 mil sepulturas. Os moradores locais apelidaram ele de Triângulo da Ressurreição, uma vez que o terreno do local tem forma triangular. O cemitério é muito conhecido por conta de uma lenda urbana: dizem que ele é assombrado por um fantasma conhecido como Resurrection Mary. Segundo a lenda, uma jovem chamada Mary teria passado a noite com o seu namorado no Oh Henry Ballroom, um salão de dança histórica da região. Em certo momento, os dois discutiram, o que fez Mary sair revoltada do local. Ao atravessar a Archer Avenue, ela teria sido atropelada e morta por um motorista que fugiu sem prestar socorro. Seu corpo foi enterrado no Resurrection Cemetery, mas sua alma não conseguiu descansar, e vez ou outra o seu espírito seria visto na região.

Os primeiros registros da sua aparição datam da década de 30: homens que estavam dirigindo pela Archer Avenue, próximo do cemitério, relataram ter dado carona para uma jovem loira e de olhos azuis, que usava um vestido de festa branco. Quando o motorista se aproximava do Resurrection Cemetery, ela desaparecia de dentro do carro. A lenda foi extensivamente pesquisada pelo historiador Richard Crowe, que coletou mais de 30 relatos de avistamento antes da virada do século. Um deles foi de um motorista de táxi chamado Ralph: ele contou ter pego uma passageira loira e bonita perto de um pequeno shopping center na Archer Avenue. Após alguns quilômetros, ela teria pedido para ele parar. O motorista perguntou “Onde?”, e ela teria apontado para outro lado da estrada. Quando o motorista se virou, ela tinha desaparecido.

Apesar das inúmeras histórias, a identidade da Resurrection Mary ainda é um mistério, mas existem duas fortes candidatas: a primeira é Mary Bregovy, que morreu em 1934 em um acidente automobilístico. Apesar do nome ser o mesmo, esse acidente teria acontecido no centro de Chicago, e não próximo do cemitério. A segunda é Anna Marija Norkus, uma menina de 12 anos, filha de imigrantes lituanos, que também foi morta em um acidente de carro em 1927, mas dessa vez enquanto voltava do Oh Henry Ballroom.


Resurrection Cemetery


• AOYAMA CEMETERY:


Esse cemitério xintoísta foi inaugurado em 1872 e fica localizado no sul de Tóquio, próximo a região de Shibuya. É um cemitério bem grande, que ocupa mais de 260.000 metros quadrados e abriga mais de 100.000 sepulturas, além de belos pés de cerejeira. É um cemitério bastante popular pelas figuras famosas que estão enterradas lá: dentre elas, o túmulo do professor Ueno Hidesaburo e seu cachorro Hachiko, que esperava ele todos os dias na estação de trem e permaneceu no local mesmo após a morte do seu dono.

Mas o Aoyama é conhecido mesmo pelas histórias de fantasmas: os locais garantem que, ao anoitecer, espíritos saem de suas tumbas para fazer mal aos vivos. A crença é tão forte que alguns visitantes já relataram ter recebido avisos de moradores para não permanecer no cemitério depois do pôr do sol. Assim como acontece no Resurrection Cemetery, o Aoyama também conta uma lenda sobre um espírito feminino que pede carona e desaparece quando o carro se aproxima do cemitério. Os boatos são tão fortes que os taxistas se recusam a pegar passageiros próximos ao cemitério à noite. E o espírito não pega só táxi: motoristas de ônibus que trabalham no turno da noite dizem que, quando se aproximam do cemitério, a parada é acionada, mesmo com ninguém a bordo.

Outra entidade conhecida seria uma dupla de sombras, uma pequena e uma grande, que podem ser vistas no local durante a noite. Segundo motoristas que passam pela região, elas costumam pular na frente dos carros e causar acidentes. Outra história famosa é sobre um grupo de jovens que teria visitado o cemitério durante um teste de coragem – isso é algo bem comum no Japão, inclusive existe uma palavra para isso, Kimodameshi) – mas que teriam desaparecido misteriosamente.


Aoyama Cemetery


• HIGHGATE CEMETERY:


Aberto em 1839, Highgate fica localizado em Londres e é considerado um símbolo da era Vitoriana, além de um ponto turístico bastante visitado. O cemitério também serviu como cenário para vários filmes e séries de terror britânicas, além de abrigar túmulos de diversos políticos, escritores, artistas e personalidades européias. Dentre elas, o inventor do cinema William Friese-Greene; o cantor George Michael; o escritor da franquia Guia do Mochileiro das Galáxias, Douglas Adams; e o pensador Karl Marx.

Entretanto, a maior lenda do local não é o fantasma do comunismo, mas sim uma entidade conhecida como o Vampiro de Highgate: as primeiras aparições foram relatadas em março de 1969, quando a Sociedade Britânica de Psíquicos e Ocultismo começou a receber relatos sobre um homem alto, magro, moreno e com olhos brilhantes, que vigiava os visitantes enquanto se escondia nas sombras. O primeiro relato teria sido de um homem que afirmou ter encontrado o Vampiro de Highgate quando estava deixando o cemitério ao anoitecer. De algum modo, ele foi hipnotizado pela criatura e ficou totalmente desorientado. Enquanto ele tentava encontrar novamente o caminho, teria visto o ser próximo a ele.

Mais a maior “prova” de que algo estranho estava acontecendo no Highgate seria a morte misteriosa de animais no local: segundo os jornais Hampstead e o Highgate Express, em fevereiro de 1970, algumas raposas foram encontradas mortas com lacerações profundas na garganta. Junto com isso, começaram a surgir teorias sobre o vampiro ser, na realidade, um demônio, e as mortes estarem ligadas a rituais de magia negra.

Na mesma época, David Farrant, um dos investigadores da Sociedade Britânica de Psíquicos e Ocultismo e autointitulado “caçador de vampiros” teria passado meses em uma extensa investigação no local. A sua presença chamou a atenção da mídia, e a lenda foi ganhando cada vez mais espaço. Logo foi feita uma reportagem sobre a criatura, que causou um misto de curiosidade e pânico na população: alguns corajosos foram até o local armados com estacas de madeira, tochas e pás, prontos para exterminar o vampiro. A polícia teve que ser chamada, e no meio dessa confusão, algumas pessoas juravam ter visto “algo rastejando no escuro”. Uma dessas pessoas foi um homem chamado Anthony Robinson, que disse ao jornal The London Evening News: “Passei pelo local e ouvi um barulho estridente, depois vi algo cinzento se mover lentamente pela estrada. Isso me apavorou... nunca acreditei em algo assim, agora tenho certeza de que há algo maligno espreitando em Highgate”.

Em agosto de 1970, David Farrant e outros membros da Sociedade entraram no cemitério e caminharam até o local do avistamento inicial. Lá eles tentaram realizar um ritual de exorcismo usando símbolos de proteção, sal e água benta, mas, no meio do rito, a polícia chegou e os caçadores de vampiro fugiram. David Farrant acabou preso pouco tempo depois por perturbação da paz, já que as autoridades viam ele como o mentor de toda aquela histeria. Com o passar dos anos, a história do Vampiro de Highgate foi perdendo a força. Mesmo assim, David Farrant escreveu um livro intitulado “Beyond The Highgate Vampire” sobre toda a sua trajetória nesse caso.


Highgate Cemetery


• VALLEY OF THE KINGS:


Construído no século 16 A.C, é aqui que eram enterrados os faraós e nobres do Antigo Egito: o local possui mais de 65 tumbas que variam de um pequeno sarcófago até grandes câmaras. Além da arquitetura, ainda conta com diversas decorações como hieróglifos, estátuas e outros adereços. Era muito importante para a sociedade da época, até que, com o fim do Novo Império e o declínio político do Egito, o local foi saqueado e sendo usado para outros fins, até que foi definitivamente abandonado.

O Vale foi redescoberto com as expedições européias para o local, e em 1922, uma delas foi responsável por uma das maiores descobertas arqueológicas da História: uma equipe liderada pelo egiptólogo Howard Carter descobriu a tumba do faraó Tutancâmon, uma das figuras mais poderosas do Antigo Egito. O local só foi preservado porque ficou séculos escondido entre os escombros do Vale e acabou não sendo saqueado como aconteceu com outras tumbas. Seguindo as tradições de que seus mortos deveriam permanecer em paz, muito se falava sobre uma suposta maldição que cairia sobre quem violasse a tumba Tutancâmon. Se era apenas uma lenda, a verdade é que, nos anos seguintes, diversas pessoas ligadas à expedição morreram de forma misteriosa.

A primeira vítima foi o Lord Carnarvon, um egiptólogo amador que estava financiando o projeto. Ele morreu em abril de 1923, e até hoje não se sabe exatamente do que: alguns falam que foi de pneumonia, outros que foi de alguma doença transmitida por mosquitos, ou por infecção fúngica por respirar o ar das tumbas. O jornal Times não perdeu tempo e publicou que aquilo fazia parte "da punição mais terrível que segue qualquer intruso precipitado em uma tumba selada".

Além dele, também morreram: o aristocrata Ali Kamel Fahmy Bey, morto a tiros por sua esposa em 1923; George Jay Gould I, que visitou a tumba em 1923 e morreu de pneumonia, Archibald Reid, que morreu de uma forma não identificada em 1924; Lee Stack, governador-geral do Sudão, assassinado no Cairo em 1924; Arthur Mace, que participou da equipe de escavação e morreu envenenado por arsênico em 1928; Richard Bethell, secretário de Howard Carter, morreu sufocado em sua cama em 1929; e seu pai, que cometeu suicídio em 1930. Quando perguntado sobre a suposta maldição, Howard Carter rejeitou a ideia. Entretanto, alguns consideram que ele mesmo foi uma vítima: o egiptólogo morreu em 1939, por conta de um Linfoma de Hodgkin.


Valley of the Kings


• CEMITÉRIO DOS CABOCLOS:


Esse pequeno cemitério abandonado fica localizado na zona rural de Paiçandu, no Paraná, na PR-323, que é apelidada de “rodovia da morte” por conta do alto número de acidentes fatais. O nome do cemitério se dá por conta da comunidade de caboclos que habitavam a região.

Segundo a lenda, na região vivia um famoso curandeiro chamado Pai Çandu, que era muito respeitado como uma figura política local. Pai Çandu e outros indígenas teriam ajudado os brancos na Guerra do Paraguai em troca de terras, mas eles acabaram não recebendo nada. Com raiva, ele proibiu que os indígenas tivessem contato com os brancos.- Entretanto, algumas mulheres indígenas já tinham tido filhos com homens brancos, e essas crianças mestiças – chamados de caboclos – foram condenados à morte. Seus corpos foram enterrados em valas comuns, mas suas mães decidiram construir o cemitério em homenagem a eles.

Apesar de ninguém mais ser enterrado no local, o cemitério ainda recebe visitantes: além de historiadores e curiosos, diversos praticantes de religiões de matriz africana deixam trabalhos espirituais nos locais.- Dentre as lendas que rondam o cemitério, a mais conhecida é do “Caboclinho”, um espírito que costuma aparecer no banco do passageiro dos caminhões e puxar o volante para a esquerda, causando acidentes graves. Ele também é visto andando nas margens da rodovia.


Cemitério dos Cablocos


• STULL CEMETERY:


Localizado na micro comunidade de Stull, no Kansas, esse pequeno cemitério pode parecer só um local mal cuidado, mas, segundo ocultistas, é um dos locais mais assombrados do mundo. A fama do cemitério veio em 1974, quando foi publicado um artigo no jornal estudantil da Universidade de Kansas contendo diversas histórias sobre presenças demoníacas no local: tudo teria começado com a chegada dos colonizadores no século XIX. Esses homens, que seriam praticantes de bruxaria, teriam fundado a cidade e invocado o próprio Diabo, que agora aparecia lá duas vezes por ano: uma vez no equinócio da Primavera e outra no Halloween.

Outras histórias diziam que quem fosse ao cemitério correria o risco de levar uma pancada de uma mão invisível, enxergar bruxas e outras criaturas malignas, além de desmaiar e perder a memória. Outros falam sobre um vento misterioso que seria capaz até mesmo de derrubar uma pessoa. Além dos túmulos, existia também uma pequena igreja no local, que também teria uma história macabra: é contado que, em 1850, um homem teria esfaqueado o prefeito da cidade em um antigo celeiro, local que foi convertido posteriormente nessa igreja, que acabou abandonada depois que pegou fogo misteriosamente. Também é contado que existia um crucifixo de madeira no local e que a meia noite ele viraria de cabeça para baixo. Outra lenda fala sobre uma sepultura que guarda os ossos do “filho de Satanás”, que nasceu da relação entre o Diabo e uma bruxa. Essa criança teria vindo ao mundo completamente deformada e sobrevivendo apenas alguns dias, antes de seu corpo ser enterrado em Stull. Depois disso, seu espírito viveria vagando pelo local.

Com o passar dos anos, mais e mais pessoas visitavam o cemitério, deixando diversas garrafas de bebida e uma trilha de vandalismo pelo local. A primeira grande visitação teria acontecido em 1978, quando mais de 150 pessoas foram até o local para tentar ver o diabo. Em 1988, esse número aumentou esporadicamente e mais de 500 pessoas passaram pelo local. A região seria tão profana que até o Papa teria ficado com medo: em uma visita aos Estados Unidos em 1993, João Paulo II supostamente teria pedido que o avião particular em que estava não cruzasse o local. Cansados da invasão e da depredação do local, os moradores instalaram cercas, avisos e colocaram seguranças para espantar os forasteiros.

Em 2002, a igreja foi demolida misteriosamente. Alguns dizem que foi um vândalo, outros que ela caiu sozinha. Em 2005, o cemitério voltou aos holofotes quando apareceu na 5ª temporada do seriado Supernatural, como sendo o local em que aconteceu o confronto entre os irmãos Winchester e o próprio Lúcifer. Por fim, em 2013, a cantora Ariana Grande estava passando pelo Kansas quando decidiu visitar o cemitério. Segundo uma entrevista para a revista Complex, ela disse: “Senti uma sensação doentia e avassaladora de negatividade em todo o carro, e sentimos cheiro de enxofre [...] abri a janela antes de sairmos e disse: Pedimos desculpas. Não queríamos perturbar sua paz”. Supostamente ela teria tirado uma foto do local em que era possível ver três rostos demoníacos.


Stull Cemetery


• FONTES: American Hauntings, Find a Grave, Ghost Research Society, The Japan Times, Kowabana, Far Out Magazine, GMC Online, G1, Folha de Londrina, History Today.

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