Rodolfo Brenner
#56 - O Monstro de Flatwoods | MISTÉRIOS
Em 1952, uma pequena cidade americana viveu dias de terror com a aparição de uma criatura bizarra. Seria um alienígena ou apenas um caso de histeria?.
Essa é a versão escrita do episódio #56 - O Monstro de Flatwoods:

O caso aconteceu em 1952, na cidade de Flatwoods, que fica no condado de Braxton, na Virgínia Ocidental. Flatwoods é uma cidade muito pequena mesmo, que atualmente tem 264 habitantes, mas que na década era ainda menor.
No dia 12 de setembro de 1952, dois irmãos, Ed (13) e Fred May (12), juntamente com o amigo Tommy Hyer (10), estavam brincando no gramado da Flatwoods Elementary School quando viram um objeto brilhante cruzar o céu em direção a propriedade de um fazendeiro local chamado G. Bailey Fisher. Eles decidiram ir até o local, mas antes passaram na casa dos irmãos May e contaram o que tinham visto para a mãe deles, Kathleen May. Kethleen ficou intrigada com a história e resolveu ir junto com as crianças até a fazenda vizinha ver o que estava acontecendo. Ela foi acompanhada dos filhos, do Tommy, de mais duas crianças chamadas Neil Nunley e Ronnie Shaver, do Guarda Nacional Eugene Lemon e de um cachorro, que foi correndo na frente deles.
Quando eles chegaram no topo de uma colina, o cachorro voltou correndo e chorando. Eles sentiram um cheiro forte e viram uma espécie de névoa ou gás no local. O guarda Eugene apontou sua lanterna naquela direção e todos viram uma espécie de luz vermelha e pulsante vindo de um objeto. Ao lado desse objeto, eles viram algo que foi classificado posteriormente como um monstro: uma criatura de cerca de 3 metros, corpo de uma cor escura, olhos que emitiam uma luz laranja-esverdeada, rosto redondo e vermelho e com uma espécie de capuz que parecia um ás de espadas. Kethleen ainda completou dizendo que ele tinha mãos pequenas em forma de garra e usava uma espécie de roupa metálica com dobras que parecia um vestido.
Quando aquela criatura viu o grupo, ele emitiu um som esquisito parecido com um chiado e foi em direção a eles, não andando, e sim flutuando. Em pânico, Eugene gritou e largou a lanterna, e todo o grupo partiu em retirada. Mais tarde, quando chegaram em suas casas, eles relataram que sentiram enjoo, dor de garganta e vômitos, que em alguns casos persistiram por dias.

Uma das representações do Monstro de Flatwoods
No dia 13 ocorreu outro avistamento daquela criatura, dessa vez perto de Strange Creek, cerca de trinta quilômetros de Flatwoods. Naquele dia, George e Edith Snitowsky, juntamente com seu filho de 1 ano e 6 meses, estavam dirigindo pela área rural do condado quando seu carro parou de funcionar. George tentou fazer o carro ligar várias vezes, mas sem sucesso.
O casal sentiu um cheiro muito desagradável, que parecia ser enxofre, e seu filho começou a chorar. Nesse momento eles viram uma luz brilhante muito forte, parecido com um holofote, e de repente Edith notou que, de frente para o carro, estava uma criatura que tinha uma descrição muito semelhante ao visto pelo grupo em Flatwoods, com a diferença de que ela estava sem aquele capuz em volta da cabeça, e agora aparentava a aparência de um réptil.Aquela criatura teria arranhado o capô do carro e partido em direção à floresta. Nesse momento o carro teria voltado a funcionar e o casal correu o mais rápido que pode para casa.

Representação da criatura vista pela família Snitowsky
Posteriormente, descobriu-se um outro avistamento da mesma criatura, dessa vez relatado pela Sra. Audra Harper, que teria ocorrido antes do dia 12 de setembro. Audra morava em Heaters, oito quilômetros ao norte de Flatwoods, e naquela tarde ela estava indo à uma loja juntamente com uma amiga. Elas iriam de carro, mas a estrada estava ruim e, com medo de ficarem atoladas, decidiram pegar um atalho pela floresta.
Depois de andar por quase 1 km, elas notaram um brilho alaranjado em uma colina próxima. Audra pensou que era uma fogueira, mas quando chegaram mais perto elas viram que se tratava de uma bola de fogo. De repente, apareceu uma figura descrita como escura e tendo três vezes a altura de um homem. Elas correram de volta para a casa de Audra e não viram mais a criatura.
Houve mais um relato, mas com poucos detalhes: uma senhora juntamente com sua filha também teria visto a criatura, e o que é descrito é que a névoa misteriosa que a acompanha deixou a filha passando muito mal, e ela precisou ficar internada por 3 semanas para se recuperar.

Representação da criatura com um aspecto mais humanóide
Kethleen May e Eugene Lemon relataram o caso para o xerife local. Primeiramente ele acreditou que uma aeronave tinha caído no local, e eles foram até lá realizar uma investigação. Aparentemente o xerife não encontrou nada. Uma equipe da guarda nacional também foi até o local, comandada pelo capitão Dale Leavitt: eles descobriram marcas estranhas no solo e uma espécie de líquido escuro. Posteriormente, essas marcas foram identificadas como sendo do caminhão de um vizinho, que inclusive teria testemunhado a queda do objeto, e o líquido seria apenas óleo de motor. Algumas fontes dizem que, quando chegou em casa, Kethleen viu uma mancha do mesmo óleo em sua roupa.
Foi feito uma espécie de retrato falado da criatura baseado na descrição de Kathleen para o xerife, que acabou indo parar em diversos jornais do estado, que chamaram a criatura de “O Monstro de Flatwoods”. As outras testemunhas também desenharam o que viram, e as descrições sempre foram parecidas.
Nos dias posteriores, repórteres, autoridades e curiosos bateram na porta dos May questionando sobre o encontro. O caso chegou a ser inserido no Projeto Blue Book, que era um projeto ultrassecreto para o estudo de OVNIs que poderiam ameaçar a segurança nacional. A mãe de Eugene Lemon reportou que, próximo a hora em que as crianças viram o objeto no céu, sua casa tremeu e o rádio ficou fora do ar por cerca de 40 minutos.

Reportagem de um jornal sobre o caso
Joe Nickell, do Committee for Skeptical Inquiry, investigou o caso e concluiu que tudo não teria passado de uma confusão: o brilho relatado no céu seria apenas um meteoro e que a criatura vista teria sido uma Coruja-das-torres, uma espécie que pode chegar a 30 centímetros com as asas abertas. Nickell sugeriu que as percepções das testemunhas foram distorcidas por seu estado elevado de ansiedade, o que também explica os sintomas físicos que eles sentiram após o encontro. Historiadores disseram que os anos 50 foram marcados por um grande período de histeria no país, uma vez que a Guerra Fria estava começando e se temia muito o risco de qualquer tipo de ataque soviético.
Já para os que acreditam, o Monstro de Flatwoods seria um alienígena ou humanoide, que estaria de alguma forma ligado com a queda daquele objeto. Aquela “armadura” que as testemunhas teriam visto poderia ser uma espécie de traje. Posteriormente, a aparência da criatura foi mudando: de algo mais robótico para um reptiliano.

Coruja-das-torres
O Monstro de Flatwoods acabou virando o símbolo da pequena cidade, indo parar em banners, camisetas, festivais e até em um museu próprio, o Flatwoods Monster Museum. Na placa da cidade está escrito: Bem-Vindo a Flatwoods, a casa do Monstro Verde. As testemunhas posteriormente disseram que não queriam ter visto aquilo, e que o avistamento só trouxe problemas para eles. Kethleen disse que recebeu uma carta do Exército Americano dizendo que o objeto no céu seria apenas um foguete de testes das forças armadas, e que ela não deveria continuar falando sobre o assunto. Ela faleceu em 2009.
Todos os anos, no dia 12 de setembro, centenas de pessoas vão até a cidade para relembrar a história. Infelizmente o local onde ocorreu o avistamento mais famoso é uma propriedade privada, que não permite visitas. O monstro também apareceu em vários documentários sobrenaturais como Monsterquest e Mountain Monsters, além de jogos de videogame como Amagon, Fallout 76 e The Legend of Zelda: Majora's Mask.

Kethleen May com a representação original do Monstro de Flatwoods
• FONTES: Braxton.org, Under The Ash Tree, Monsterquest, History.